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PT nasceu arrogante e perde capacidade de purificar, diz FHC

FHC disse que o PT nasceu "arrogante", com uma proposta "salvacionista", mas com escândalos foi "perdendo a imagem de ser um partido capaz de purificar"


	Fernando Henrique Cardoso: "o PT tem realmente um resquício de visão hegemônica no sentido autoritário"
 (REUTERS/Paulo Whitaker)

Fernando Henrique Cardoso: "o PT tem realmente um resquício de visão hegemônica no sentido autoritário" (REUTERS/Paulo Whitaker)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2015 às 17h10.

Brasília - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse em entrevista exclusiva ao Grupo Estado que o PT, legenda adversária, nasceu "arrogante", com uma proposta "salvacionista", mas com o escândalo do mensalão e as novas evidências de corrupção na Petrobras reveladas pela Operação Lava Jato foi "perdendo a imagem de ser um partido capaz de purificar".

Para fundamentar sua crítica, o tucano voltou às origens.

"Não gosto quando o ponto de partida é dizer 'eu sou o bom, eu sou o salvador', porque isso é um mau começo e o PT foi muito arrogante nesse sentido. Porque tem uma ideia autoritária".

E continuou: "Eu, como democrata, acredito no 'nós temos que ser capazes', o que implica discordância. O PT não tem essa visão democrática. E para quem tem uma visão salvacionista, ter dois de seus tesoureiros sendo comprometidos em escândalos de corrupção, não é brincadeira."

No decorrer da trajetória, a agremiação petista se tornou "autoritária", segundo o ex-presidente.

"O PT tem realmente um resquício de visão hegemônica no sentido autoritário, não no sentido de ter capacidade de influir via ideias e valores, mas no sentido de impor, via organização e poder", declarou.

Ele vê com ressalva as críticas feitas de que a presidente Dilma Rousseff é arrogante e por isso não consegue sustentar seu apoio no Congresso Nacional e com partidos da base aliada.

Para ele o problema é outro: "A questão da humildade é equivocada. Tem pessoas que são mais arrogantes que outras, outros que são mais simpáticos ou mais humildes. Não é isso que faz diferença. É muito mais a questão da veracidade e da capacidade de conduzir o processo político. Uns são arrogantes e conduzem, outros são mais simpáticos e conduzem, outros arrogantes e não conduzem. Mas agora ninguém acredita muito quando ela chama para dialogar."

E ironizou: "Mas parece que agora ela está colocando as sandálias de São Francisco. Tomara que sejam só as sandálias e não o franciscanismo do conceito 'é dando que se recebe'".

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