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PT aposta na emoção em lançamento da pré-campanha de Lula

O ex-presidente, preso há dois meses, falará aos militantes por meio de uma carta, que está sendo chamada de "Manifesto ao Povo Brasileiro"

Lula: pré-campanha é uma forma de mostrar que o partido continua firme no propósito de registrar ex-presidente como candidato (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Lula: pré-campanha é uma forma de mostrar que o partido continua firme no propósito de registrar ex-presidente como candidato (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

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Reuters

Publicado em 8 de junho de 2018 às 16h02.

Brasília - O principal personagem não estará presente de carne e osso, mas o PT aposta na magia que ainda envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para mobilizar a militância no lançamento da pré-candidatura dele, nesta sexta-feira, em Contagem (MG), na tentativa de demonstrar unidade sobre a ideia de Lula candidato.

O tom do evento é emocional, uma convenção do partido sem o candidato, mas com o espírito de Lula. O carismático ex-presidente, preso há dois meses em Curitiba, falará aos militantes por meio de uma carta, que está sendo chamada de "Manifesto ao Povo Brasileiro".

No texto, que vem preparando há alguns dias, Lula dirá que quer voltar a ser presidente para "acabar com o sofrimento do povo brasileiro", contou à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto. Esse será o mote da campanha lulista, que tem como slogan "O Brasil Feliz de Novo".

"Na carta ele diz porque quer ser presidente de novo, para acabar com o sofrimento do povo brasileiro, vai falar dos processos, dirá que é um preso político", disse a fonte.

Essa não é a primeira vez que a candidatura de Lula é lançada pelo PT. Duas reuniões da executiva do partido e duas do diretório nacional já apresentaram o ex-presidente como o candidato, quando Lula ainda estava em liberdade.

O PT tentou autorização para gravar um vídeo com o ex-presidente para o evento desta sexta, mas a resposta da Justiça não chegou a tempo. As palavras de Lula serão ouvidas em outra voz --ainda não se sabe de quem-- mas o ex-presidente estará presente no vídeo de seu primeiro jingle de campanha.

No tom emocional que o PT bem sabe fazer, o vídeo --já apresentado na quinta-feira nas redes sociais do partido-- começa com um tom de tristeza, com a música cantando "Meu querido Brasil o que fizeram com você, estou sofrendo tanto por te ver assim".

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Em seguida, com imagens de Lula em encontros com o povo, coloca junto da ideia da eleição a campanha pela libertação do ex-presidente, e encerra com a foto de Lula sendo carregado pela multidão no dia em que foi preso, em São Bernardo do Campo (SP).

"Olha lá, uma ideia ninguém pode aprisionar, um sonho cada vez mais livre, acesa a esperança vive, olha Lula lá", diz a música, que continua com "Chama que o povo quer, chama que o homem dá jeito, chama que eu volto. É Lula nos braços do povo. É o Brasil Feliz de novo".

"É cênico, emocional, é como uma convenção. O sentido é afirmar que a candidatura Lula é concreta, não é só uma estratégia", disse a fonte.

Sem plano B

Em meio às cada vez mais frequentes especulações de que o partido poderia apresentar um plano B e desistir da candidatura de Lula, o lançamento nacional --em vez de atos regionais menores, como se pensou inicialmente-- é uma forma de mostrar que o partido continua firme no propósito de registrar Lula como candidato.

"Não há nenhuma divergência quanto a isso, não há intenção de fazer qualquer mudança na candidatura do partido", disse à Reuters o deputado Carlos Zarattini, um dos membros do diretório nacional do PT.

O lançamento deve reunir todas as bancadas federais, dirigentes estaduais, todo o diretório nacional e os cinco governadores do partido, os mesmos que, há algumas semanas, começaram a levantar dúvidas sobre a estratégia de manter a candidatura de Lula até provavelmente ser impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral, na metade de agosto.

Preocupados com os palanques estaduais, as dificuldades em formar alianças em cima de uma candidatura praticamente descartada e com suas próprias candidaturas nos Estados, os governadores chegaram a defender que o PT antecipasse a adoção de um plano B, contou à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto, mas foram rechaçados pela direção do partido.

"Não há espaço para isso hoje no PT e o próprio Lula está convicto da sua candidatura", disse uma segunda fonte, que também pediu para não ser identificada.

A primeira fonte ouvida pela Reuters confirmou que, mesmo com algumas poucas vozes que questionam a validade da decisão de levar a candidatura Lula até onde for possível, a unidade do partido é imensa.

"Não há uma tendência que diga o contrário. O que o partido teria a ganhar desistindo de Lula agora, que está em primeiro lugar nas pesquisas, e lá na frente, se for o caso, pode passar esses votos para um indicado por ele?", questionou.

"O lançamento é uma reafirmação da unidade do PT, de que esta é uma decisão unitária do partido, e uma demonstração de solidariedade", afirmou.

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