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Próximo presidente não corrigirá problemas, diz Lawrence Pih

Próximo governo brasileiro dificilmente terá força suficiente para enfrentar desafios que impedem o Brasil de ter crescimento forte e sustentado


	Eleições: "um governo mais ortodoxo prepararia melhor o Brasil para o futuro, mas a pergunta que surge é se ele teria cacife necessário para melhorar o país", disse Lawrence Pih
 (Elza Fiúza/ABr)

Eleições: "um governo mais ortodoxo prepararia melhor o Brasil para o futuro, mas a pergunta que surge é se ele teria cacife necessário para melhorar o país", disse Lawrence Pih (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 08h22.

São Paulo - Independente do desfecho da corrida presidencial deste ano, o próximo governo brasileiro dificilmente terá força suficiente para enfrentar desafios que impedem o Brasil de ter crescimento forte e sustentado, segundo o presidente do Moinho Pacífico.

"Um governo mais ortodoxo prepararia melhor o Brasil para o futuro, mas a pergunta que surge é se ele teria cacife necessário para melhorar o país", disse Lawrence Pih, principal executivo da maior unidade de processamento de farinha de trigo da América Latina, em entrevista à Reuters. "Poderia melhorar, mas não vai resolver." Para o empresário, dadas as evidências de esgotamento do ciclo de crescimento baseado em consumo, o país precisa criar um ambiente amigável para elevar os investimentos privados.

O movimento é necessário, segundo Pih, não só para sustentar crescimento econômico, mas também harmonizar oferta e demanda, relação cujo desequilíbrio tem mantido pressões inflacionárias e deteriorado as contas externas do país.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem subido ao redor de 6 por cento ao ano desde 2010, bem acima do centro da meta do Banco Central, de 4,5 por cento. Noutra frente, o déficit brasileiro acumulado em transações correntes desde 2008 deve superar 300 bilhões de dólares até dezembro.

Segundo Pih, esse quadro tende a manter o país numa trajetória de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ao redor de 2 por cento, ritmo claramente insatisfatório. Diante disso, a disposição do empresariado por investimentos deve seguir baixa, disse.

Pih, que se notabilizou após liderar uma corrente de empresários a favor do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, diz que a sensação predominante no meio privado é de que a presidente Dilma vai se reeleger, mesmo com a percepção de que houve um retrocesso na gestão macroeconômica.


"O empresariado brasileiro tem ciência de que a atual situação é insustentável", disse.

Por outro lado, não há sinais de que algum dos candidatos mais importantes tenha condições de implementar uma agenda de reformas, como tributária, trabalhista e da previdência, afirmou. Por isso, não há uma movimentação mais patente dos empresários em torno da alguma candidatura.

"A situação tem que piorar muito para promover mudanças", disse, avaliando que ajustes mais severos e que contrariam interesses só ocorrerão se não houver alternativa.

Como consequência, disse Pih, o nível de investimento na economia deve seguir baixo, também refletindo previsões de um ciclo longo de baixo crescimento da economia mundial, especialmente de Estados Unidos, Europa e Japão.

O próprio Moinho Pacífico, que está investindo 50 milhões de reais para elevar a capacidade de silagem em seu terminal no Porto de Santos, arquivou planos mais ambiciosos de expansão. O grupo chegou a considerar buscar recursos no mercado com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

"O projeto de IPO foi totalmente arquivado", disse.

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