Policiais no complexo do Alemão: protesto foi convocado por meio das redes sociais. De acordo com a CPP, criminosos atiraram contra policiais da UPP Nova Brasília em um dos acessos à favela (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2014 às 13h22.
Rio de Janeiro - Dois protestos na noite passada (28), o primeiro no Morro do Chapadão, em Costa Barros; e o segundo, no Complexo do Alemão, ambos no subúrbio do Rio, resultaram na destruição de nove ônibus urbanos incendiados, além da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Alemão depredada, um morto, um ferido, quatro adultos presos e dois menores apreendidos nas ações nas duas comunidades.
A manifestação no Chapadão, ocorreu no início da noite, após um adolescente ter sido morto em um confronto com a Polícia Militar (PM). De acordo com a PM, o menor portava uma pistola automática e no confronto acabou sendo atingido e não resistiu ao ferimento.
Em seguida, manifestantes fecharam a Estrada Rio do Pau e atearam fogo a cinco ônibus urbanos, que ficaram totalmente destruídos. Por medida de segurança, o comércio da região fechou as portas mais cedo.
Para terminar com a manifestação e liberar a pista ao tráfego, a PM enviou reforço para o local e um carro blindado, conhecido como "caveirão". Durante o protesto, os moradores fizeram barricadas com paus e pneus e impediram que os bombeiros prosseguissem na ação de apagar o fogo nos ônibus incendiados. A ação foi violenta e a PM teve de agir com energia para liberar a pista ao tráfego.
Já no Complexo do Alemão foram registradas duas ações. Na primeira, pela manhã, três carros particulares foram atingidos por um incêndio nas proximidades da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), que fica na Avenida Itaoca, próximo ao Conjunto de Favelas do Alemão. Os carros estavam em um estacionamento.
Dois veículos foram totalmente destruídos e um terceiro parcialmente atingido pelo fogo. Não houve protestos na região pela manhã, mas a Polícia Civil vai investigar se o ato teria relação com a morte da idosa Arlinda Bezerra de Assis, de 72 anos, na noite de domingo (27), após um confronto entre militares e traficantes de drogas que ainda agem na região. O enterro da idosa está marcado para as 12h no Cemitério de Inhaúma.
O protesto da noite, no Complexo do Alemão, foi convocado por meio das redes sociais. De acordo com a CPP, pouco depois das 19h30 de ontem (28), criminosos atiraram contra policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília em um dos acessos à comunidade.
Em seguida, barricadas foram colocadas em alguns pontos da Estrada do Itararé, principal via de acesso às comunidades do Complexo do Alemão, e três ônibus foram incendiados na mesma via. A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão, que também fica na Estrada do Itararé, foi depredada.
Matheus da Silva Soares, de 18 anos, foi detido e dois menores, um de 15 e outro de 16 anos, foram apreendidos e levados para a 22ª DP (Penha). Eles estavam com pedras nas mãos e são suspeitos de participar da depredação da UPA. Carlos Alberto de Souza Marcolino, 21 anos, foi ferido a tiro no peito e levado por moradores para a UPA. Ele foi medicado e precisou ser transferido para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha.
A UPA do Alemão está fechada hoje (29) para atendimento ao público, devido à depredação de parte de suas instalações. A unidade está entregando apenas medicamentos para pacientes que fazem uso continuado de remédios. As pessoas que quiserem ser vacinadas contra a gripe estão sendo atendidas na Clínica da Família, que fica ao lado.
O Centro de Atendimento Psicosocial que fica no mesmo prédio e atende pacientes com problemas psiquiátricos, está com atividades suspensas nesta terça-feira (29). Uma agência do Banco Itaú na Avendida Itaoca, que fica em frente à comunidade Nova Brasília, teve os vidros estilhaçados e os caixas eletrônicos depredados. A agência está fechada para atendimento ao publico.
Policiais de outras UPPs, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), do 3º BPM (Méier) e do 16º BPM (Olaria) ocuparam a Avenida Itararé. Pouco mais tarde, um outro ônibus foi queimado por criminosos, na Estrada do Pau Ferro, em Ramos. O policiamento segue reforçado no Complexo do Alemão com efetivo de outras UPPs.
Devido à destruição de quatro ônibus na noite passada, algumas linhas estão evitando passar nesta manhã pela Estrada do Itararé, mudando o itinerário, por medida de segurança. De acordo com a RioÔnibus, que representa as empresas de transportes do município do Rio, do início do ano até agora, 43 ônibus urbanos foram totalmente destruídos em manifestações e protestos na comunidade.
A empresa informa que um ônibus de 2011, incendiado num protesto, custa em média R$ 250 mil. O custo de reposição de um carro novo é R$ 350 mil, porque na cidade do Rio de Janeiro, por determinação da prefeitura, os novos ônibus têm de ser equipados com ar-condicionado.