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Pronunciamento de Bolsonaro repercute na imprensa internacional

Durante pronunciamento, Bolsonaro criticou as medidas de isolamento e pediu a reabertura de escolas e comércios

Bolsonaro: imprensa internacional repercute criticas do presidente às medidas de isolamento contra o coronavírus (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de março de 2020 às 12h02.

Última atualização em 1 de abril de 2020 às 19h57.

As críticas do presidente Jair Bolsonaro às medidas de isolamento que visam mitigar o contágio do coronavírus estão repercutindo no exterior. Em discurso transmitido em rede nacional na noite de terça-feira, Bolsonaro pediu a reabertura de lojas e escolas, ainda que especialistas de saúde pública recomendem o confinamento para "achatar a curva" de contaminação pelo covid-19.

O New York Times destacou que Bolsonaro vê a questão do coronavírus como "exagerada" e citou os panelaços que ocorreram na terça durante o discurso do presidente. "Enquanto ele falava, alguns brasileiros que estão em casa, em isolamento, protestaram contra o que consideraram como atitude blasé em relação à pandemia", informa o jornal americano.

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Colunista do The Washington Post, outro jornal dos Estados Unidos, Ishann Tharoor diz que Bolsonaro, "ao contrário de Trump", encara a ameaça do coronavírus com "ceticismo". "Ele declarou o coronavírus como uma 'gripezinha' e criticou governadores do País por instituírem bloqueios em alguns dos principais Estados. E ele divulgou suas próprias supostas proezas atléticas como evidência de que ele poderia suportar o vírus", escreveu o analista.

O inglês The Guardian, que chama Bolsonaro de "presidente de extrema direta", destaca que o mandatário brasileiro "disse que não sentiria nada se infectado com o covid-19". "As observações incendiárias de Bolsonaro ocorreram quando o Rio de Janeiro e São Paulo foram colocados sob bloqueio parcial pelas autoridades municipais e estaduais, que temem uma explosão de casos nos próximos dias", diz matéria publicada no portal estrangeiro. "O presidente resistiu a medidas drásticas para impedir a propagação do que ele chama de 'gripezinha'", informa outra nota do mesmo site.

Ainda na Europa, o francês Le Monde afirma que Bolsonaro minimizou os riscos do covid-19, "que já matou mais de 18 mil pessoas em todo o mundo e forçou um terço da humanidade a aderir medidas de confinamento". O portal alemão Deutsche Welle, por sua vez, traz que Bolsonaro é cada vez mais criticado em sua forma de lidar com o coronavírus. "Ele chama de 'histeria' e 'gripezinha'", diz o jornal.

Sobre o pronunciamento de Bolsonaro, o Japan Times publicou análise do jornalista Dave Graham. "O esquerdista mexicano Andres Manuel López Obrador e o presidente brasileiro de direita Jair Bolsonaro nadaram contra a maré da opinião científica - diminuindo os riscos, delegando responsabilidades e ignorando os conselhos dados ao público", defende o texto. López Obrador também tem resistido às orientações de isolamento, de olho nos impactos econômicos.

Na América Latina, o argentino Clarín traz análise do editor Ricardo Roa, que cita Bolsonaro e seu posicionamento em coluna intitulada "O vírus da gripe e o delírio". Já o jornal chileno Emol ressalta que a fala de Bolsonaro foi feita no mesmo dia em que o número de casos de coronavírus no Brasil chegou a 2.201, com 46 mortes.

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