Mobilidade urbana: Câmara de SP apresenta projeto que regula transporte por motocicleta. (PABLO PORCIUNCULA/AFP via Getty Images)
Repórter
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 12h28.
A Câmara Municipal de São Paulo apresentou nesta quarta-feira, 3, o projeto de lei que regulamenta o transporte de passageiros por motocicletas na capital.
A proposta chega após decisões do Tribunal de Justiça (TJ-SP) e do Supremo Tribunal Federal (STF) liberarem o serviço, em meio a quase um ano de disputa entre a gestão Ricardo Nunes (MDB) e as empresas 99 e Uber.
As plataformas já anunciaram que pretendem retomar o serviço em 11 de dezembro, prazo final dado pelo TJ-SP para regulamentação.
O Executivo tentou ampliar o prazo e impedir o retorno antes da regulação, mas o presidente do TJ-SP rejeitou o pedido. O texto divulgado pela Subcomissão do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Motocicleta, relatado por Paulo Frange (MDB), proíbe a circulação de mototáxis no centro expandido da cidade e em vias de trânsito rápido, como as marginais Tietê e Pinheiros e a Avenida 23 de Maio.
Estudo citado pelo projeto indica que 78% das áreas mais críticas para acidentes de moto estão na periferia. O texto também define requisitos obrigatórios para os condutores: idade mínima de 21 anos, carteira de habilitação A emitida há pelo menos dois anos, curso especializado para transporte de passageiros, anotação de atividade remunerada e ausência de infrações gravíssimas nos últimos 12 meses.
Apesar da Câmara Municipal utilizar o termo "mototáxi" na pauta, a lei prevê que a nomenclatura não está correta. 'Mototaxi' é um serviço público municipal, regulamentado pela prefeitura. Já o transporte via motos por aplicativo — o que está em pauta no legislativo — é realizado por empresas privadas.
Os motociclistas deverão se cadastrar na prefeitura antes de se habilitarem nas plataformas. Será necessário apresentar antecedentes criminais que comprovem ausência de condenações por crimes como homicídio, roubo, estupro e violência contra a mulher. Os condutores também precisarão possuir CNPJ, que pode ser MEI, além de apresentar exame toxicológico com janela mínima de 90 dias.
As motos utilizadas para o transporte deverão ter até oito anos de fabricação, Certificado de Segurança Veicular, registro na categoria “aluguel”, motor entre 150 e 400 cilindradas, alças metálicas de apoio e dispositivo de proteção para pernas e motor.
As plataformas também ficam obrigadas a cadastrar somente condutores regularizados e a fornecer dados detalhados à prefeitura, incluindo origem e destino das viagens, tempo de deslocamento, valores cobrados e registros de sinistros. Cada motociclista poderá cadastrar apenas um veículo, e os aplicativos deverão criar áreas de apoio e descanso. Além disso, as empresas terão de oferecer seguro de acidentes pessoais aos passageiros.
O projeto será votado nesta quinta-feira, 4, em primeiro turno e deve retornar ao plenário na próxima semana. A expectativa é de apresentação de emendas, sobretudo da base aliada do prefeito. O texto foi negociado com o Executivo até a madrugada de terça-feira e ajustado após debates internos da comissão. Trechos como a exigência de placa vermelha, semelhante à dos táxis, foram retirados.
Pela manhã, o prefeito Ricardo Nunes declarou que não será possível que 99 e Uber iniciem o serviço em 11 de dezembro, alegando que o cadastro dos condutores não estará concluído. Ele voltou a defender que o decreto municipal que proíbe o serviço é legítimo e disse acreditar que o STF poderá reverter decisões anteriores. “Acredito que o STF reconhecerá que o meu decreto é legítimo e constitucional”, afirmou.