Privatização da Sabesp: relator afirma que texto será aprovado e terá entre 55 e 60 votos
A oposição, por sua vez, afirma que o governo não terá votos suficientes para aprovar o texto nesta quarta-feira
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 15h03.
Última atualização em 6 de dezembro de 2023 às 15h07.
O relator do projeto da desestatização da Sabesp , o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB), reafirmou nesta quarta-feira, 6, em entrevista à EXAME, que a base do governo tem entre 55 e 60 votos para aprovar a proposta.
"Vamos ter duas sessões extraordinárias para concluir essa votação. Estamos bem tranquilos sobre a aprovação", disse em rápida conversa por telefone. Após sessões de discussões naAssembleia Legislativa de São Paulo ( Alesp ) nasegunda-feira e na terça-feira, 58 deputados votaram para encerrar os debates ontem, número queMunhoz acredita que se repetirá hoje na apreciação da matéria. Para virar lei, o projeto precisa da maioria simples, 48 votos. A Alesp tem 94 deputados.
- Assembleia de SP vota privatização da Sabesp nesta quarta-feira; saiba o está em jogo
- Assembleia de SP começa discutir privatização da Sabesp nesta segunda-feira; saiba o que esperar
- Waze com problemas: aplicativo apresenta instabilidade nesta quarta
- Privatização da Sabesp começará a ser discutida em plenário na segunda-feira
- Governo Milei anuncia Santiago Bausilli como presidente do BC argentino
- Mendonça vota contra pedido do governo para regularizar precatórios
A proposta deu entrada na casa legislativa do estado no dia 18 de outubro e, durante a tramitação em regime de urgência, recebeu 173 emendas, que propõem acrescentar ou alterar dispositivos da matéria, e quatro substitutivos contrários à desestatização da companhia.
LEIA MAIS: Sabesp: o que realmente importa na privatização de uma das maiores empresas de saneamento do mundo
No último dia 22 de novembro, o projeto foi aprovado nas comissões por27 votos favoráveis e oito contrários. Na última terça-feira, 28, o projeto chegou a ser pautado, mas a oposição apresentou duas emendas de plenário. A manobra para atrasar a deliberação do projeto já era prevista, como mostrou a EXAME.
Oposição afirma que governo não terá quórum para votação
A oposição, por sua vez, argumenta que o governo não terá votos suficientes para aprovar o texto nesta quarta. O deputado Guilherme Cortez (PSOL) disse em conversa com a EXAME que a expectativa da oposição é que não haja quórum para votação. "Acreditamos que, assim como em outras pautas que passaram na Alesp, o governo não terá tanta facilidade para aprovação, principalmente pela pressão que a população está fazendo para com os deputados que chamados do Centrão da Alesp", diz Cortez à EXAME.
Cortez defende ainda que a proposta é inconstitucional e promete entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) caso o projeto seja sancionado. Ele cita oparágrafo segundo do artigo 216, que diz que o Estado assegurará condições para a correta operação, necessária ampliação e eficiente administração dos serviços de saneamento básico prestados por concessionária sob seu controle acionário.
"O correto seria que o governo enviasse uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e não um projeto de lei, ainda por cima em regime de urgência, sem passar em todas as comissões necessárias", afirma.
O PT e o PSOL protocolaram uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo sobre o decreto de Tarcísio que criou competências para os conselhos deliberativos das URAEs (Unidades Regionais de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário).
A mudança da administração estadual permitirá que os contratos não percam válida após a privatização da companhia e possam ser renegociação via URAEs, sem a necessidade de negociação individual com cada cidade atendida pela Sabesp.Os partidos argumentam a modificação tira a autonomia das prefeituras para decidir sobre o saneamento do município, o que seria inconstitucional.O relator da ação é o ministro André Mendonça.
Privatização da Sabesp
Empresa de capital aberto e economia mista, a Sabesp detém a concessão dos serviços públicos de saneamento de 375 municípios paulistas e tem o estado de São Paulo como gestor e acionista majoritário.
O PL busca autorizar o executivo a negociar sua participação acionária na companhia e, assim, transferir o controle operacional da empresa à inciativa privada. Atualmente, o Estado detém 50,3% do capital da empresa, enquanto o restante é negociado nas bolsas brasileira (B3) e americana (NYSE).