Nunes e Paes: prefeitos que vão disputar a reeleição correm contra o tempo para realizar inaugurações (Leandro Fonseca/Exame/Buda Mendes/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 5 de julho de 2024 às 08h08.
Os prefeitos que vão disputar a reeleição correm contra o tempo para acelerar a agenda de inaugurações e anúncios de obras pelo Brasil. A pressa é explicada pelas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que definem que, a partir de 6 de julho, três meses antes do primeiro turno das eleições municipais, agentes públicos ficam proibidos de participar de “inaugurações de obras públicas ou divulgação de prestação de serviços públicos”.
Em pelo menos 20 das 26 capitais do país, os atuais prefeitos estão aptos a disputar um novo mandato. Apenas Natal, Curitiba, Cuiabá, Palmas, Porto Velho e Aracaju terão que escolher, obrigatoriamente, um novo prefeito, já que os atuais mandatários estão em seu segundo mandato.
Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) tinha, no início de 2024, mais de 1.300 obras em andamento, 95% na periferia, com a cidade transformada em um grande canteiro de obras. Com o avanço das reformas, o prefeito intensificou as agendas de inaugurações. Nesta semana, por exemplo, Nunes chegou a fazer três inaugurações no mesmo dia, com a entrega de duas novas UBS e de um Armazém Solidário.
No dia que anunciou o seu pré-candidato a vice, o prefeito também participou, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), da assinatura das obras para extensão da linha 5-Lilás, na zona sul da cidade. O emedebista também inaugurou uma das principais obras da sua gestão, a reforma da Avenida Santo Amaro. Outra marca da correria para entregas foi o recapeamento emergencial de diversas vias da cidade, que tampou buracos, mas causou diversos bloqueios.
A estratégia do chefe do executivo paulistano foi diminuir o desconhecimento do seu nome ao fazer entregas pela cidade. Pré-candidato à reeleição, Nunes disputa sua primeira eleição majoritária como cabeça de chapa. Em 2020, ele foi eleito vice de Bruno Covas, mas assumiu o cargo após o falecimento de Covas em 2021.
No Rio, o prefeito Eduardo Paes (PSD), com uma aprovação de governo alta e vantagem confortável nas pesquisas, também aposta em entregas nessa reta final, com praticamente um anúncio por dia desde o último mês, em áreas mais populosas da capital fluminense.
O prefeito carioca, acompanhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inaugurou três dos 44 blocos previstos do projeto Morar Carioca, na Favela do Aço, em Santa Cruz, na última semana. No evento, Lula disse que Paes é o melhor prefeito do país.
Outro anúncio de Paes que fez barulho foi a sanção da lei que cria incentivos para a criação de uma bolsa de valores no Rio. É esperado que o empreendimento faça frente à B3, bolsa de São Paulo, e seja inaugurado em 2025.
Em Belém, cidade que vai sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), o atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), vive uma situação complicada em busca da reeleição. Com uma alta avaliação negativa da sua gestão, o psolista também avançou nas entregas para ficar competitivo na disputa. Rodrigues entregou equipamentos de saúde e obras de saneamento.
Em Fortaleza, o prefeito José Sarto (PDT) não conta com o apoio do presidente Lula nem do governador do estado, Elmano de Freitas (PT), que apoia Evandro Leitão, aliado e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), para a disputa na cidade. Para driblar a falta de padrinho, Sarto apostou em obras na praia de Iracema, inauguração de três postos de saúde e em um novo equipamento de segurança pública. Nesta sexta-feira, o prefeito vai dar início às operações do Centro de Comando e Controle de Fortaleza, em meio ao aumento da violência na cidade, que sofreu com duas chacinas no último mês de junho.