Brasil

População envelhece sem crescimento demográfico, alerta Ipea

“Se a economia não crescer, você não tem como pagar [os gastos com o segmento idoso da população]”, disse técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea


	População: fato da população não crescer também impacta na economia, diz técnica do Ipea
 (Marcelo Camargo/ABr)

População: fato da população não crescer também impacta na economia, diz técnica do Ipea (Marcelo Camargo/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 17h54.

Rio de Janeiro - O envelhecimento da população brasileira segue em ritmo acelerado, mas a preocupação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é que esse envelhecimento ocorre conjuntamente com a redução do crescimento populacional.

Esse é um dos principais temas abordados no livro lançado hoje (18) pelo Ipea Novo Regime Demográfico: Uma Nova Relação entre População e Desenvolvimento Econômico, que inclui 21 artigos de 25 pesquisadores do órgão, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

“Por um lado, cresce o segmento idoso, que vai demandar Previdência, outros cuidados, gastos de saúde, e do outro lado, diminui a população trabalhadora, que é a que contribui para pagar esses custos. Então, você tem uma balança desequilibrada”, avaliou em entrevista à Agência Brasil, a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Ana Amélia Camarano.

A questão está sendo discutida internamente no instituto. Ana Amélia disse que a sociedade vai ter que se ajustar a essa nova realidade, que implica um crescimento econômico superior a 3% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. Caso contrário, a consequência será aumento do déficit previdenciário.

“Se a economia não crescer, você não tem como pagar [os gastos com o segmento idoso da população]”.

Ana Amélia comentou que, para manter a atual proporção de gastos previdenciários em relação ao PIB, “a economia tem que crescer 3,3% ao ano”, o que vai exigir investimentos e poupança.

A pesquisadora observou, porém, que as decisões sobre onde deverão ser feitos os investimentos serão políticas.

“Mas, de qualquer maneira, a economia tem que crescer”, reiterou. Ela explica que o fato da população não crescer também impacta na economia.

Ana Amélia admitiu que, teoricamente, a solução para esse desequilíbrio na balança demográfica passa pelo incentivo ao nascimento de mais crianças no Brasil.

Ela destacou, entretanto, que políticas de natalidade são ineficazes.

“A experiência europeia e do Japão vem demonstrando isso”.

Ana Amélia diz que o importante é valorizar novamente os filhos e o ato da maternidade, porque, hoje, a carreira feminina está supervalorizada.

A técnica do Ipea acredita que atualmente essa carreira é incompatível com o aumento da fecundidade.

Na análise de Ana Amélia Camarano, é necessário que o governo dê condições para que a mulher possa compatibilizar a carreira e a maternidade.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraIpeapopulacao-brasileira

Mais de Brasil

Após sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’, Lula cria Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia

Coalizão lança manifesto assinado por mais de 60 entidades contra decisão de Zuckerberg sobre Meta

Ministro da Defesa reforça apoio às investigações do 8/1: ‘Essa será a grande festa’