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Polícia do Rio mudará a aparência antes da Copa

Os policiais da cidade receberão novos uniformes para melhorar a imagem de uma força que tem estado à frente dos confrontos com manifestantes desde junho


	PM na Rocinha, no Rio: os policiais do Rio têm menor necessidade de coletes após a expulsão das facções criminosas, argumentou vice-secretário de megaeventos no Rio
 (Tânia Rêgo/ABr)

PM na Rocinha, no Rio: os policiais do Rio têm menor necessidade de coletes após a expulsão das facções criminosas, argumentou vice-secretário de megaeventos no Rio (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2013 às 14h00.

Rio de Janeiro - A polícia militar do Rio de Janeiro mudará de aparência antes da Copa do Mundo de 2014 para melhorar a imagem de uma força que tem estado à frente dos confrontos com manifestantes desde junho.

Excetuando unidades especiais, todos os policiais da cidade receberão novos uniformes: camisas azuis e boinas substituirão os coletes leves que eles costumam usar, segundo Roberto Alzir, vice-secretário de megaeventos na Secretaria de Segurança Pública do Rio.

As mudanças também contemplam retirar gradualmente os fuzis dos policiais e capacitá-los em direitos humanos.

Os protestos no maior país da América Latina explodiram antes da Copa das Confederações em junho. Os manifestantes rejeitaram os gastos com as instalações para os eventos esportivos enquanto os serviços públicos são inadequados.

Os protestos continuam no Rio, que sediará a final da Copa do Mundo em julho próximo e os Jogos Olímpicos em 2016, e os choques entre a polícia e os manifestantes geraram mais críticas.

“Temos que apagar a imagem do Rio como cidade violenta, aproveitando os grandes eventos para mostrar a nova realidade surgida em 2007”, disse Alzir em entrevista em seu escritório no Rio. “Mudar a estética é uma das medidas, mas não é suficiente”. Cerca de 8.500 policiais da cidade receberão os novos uniformes, acrescentou Alzir.

Os policiais do Rio têm menor necessidade de coletes após a expulsão das facções criminosas e das melhorias da segurança em algumas áreas, de acordo com Alzir. Os policiais nos destacamentos estabelecidos nas favelas em meio à chamada campanha de pacificação já vestem os novos uniformes.


O primeiro manual de capacitação da polícia militar, com o título “Uma Nova Era Para a Segurança” e publicado no ano passado, inclui um texto sobre direitos humanos e o que constitui tortura. A lição não chegou às ruas ainda, segundo Florinda Lombardi, uma das diretoras do sindicato de professores, cujos membros foram expulsos, à força, da prefeitura da cidade em 28 de setembro.

“Exposto”

“O autoritarismo do Rio de Janeiro ficou exposto quando exigimos discutir as nossas carreiras”, declarou Lombardo em um discurso pronunciado em 12 de outubro. “Fomos tratados como animais”.

As ruas do Rio são patrulhadas por forças civis e pela polícia militar. A falta de coordenação entre elas reavivou os pedidos de reunificação. Ambas são controladas pela Secretaria de Segurança Pública do estado, que, segundo sua secretaria de imprensa, investiu R$ 223 milhões (US$ 101 milhões) desde 2009 em bônus para incentivar o desempenho e a coordenação.

Ruas do Rio

A Secretaria começou a retirar as armas longas de fogo das ruas do Rio, começando pelos bairros próximos ao Maracanã, que sediará jogos da Copa, e na Zona Sul, onde ficam Ipanema e Copacabana. A Secretaria planeja aumentar o número de policiais militares no estado dos atuais 44 mil até 55 mil na época dos Jogos Olímpicos, afirmou Alzir.

“A orientação, o treinamento, os veículos, o equipamento de proteção individual e a comunicação dos policiais estão sendo revisados no processo”, acrescentou Alzir. “Olhando para a realidade atual, muito foi feito e muito precisa ser feito”.

Desde o retorno da democracia em 1985, as críticas à polícia militar impulsionaram inovações como a criação de unidades de ombudsman e escritórios de assuntos internos. Contudo, no ano passado um grupo de trabalho do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendou ao Brasil eliminar a força para reduzir o número de execuções extrajudiciais.

Em 30 de junho, na final da Copa das Confederações entre o Brasil e a Espanha, cerca de 11 mil oficiais de segurança, incluindo a polícia montada e em motos e caminhões com soldados, foram colocados em volta do Maracanã. Alguns deles entraram em confronto com os manifestantes, atirando gás lacrimogêneo que caiu dentro do estádio, ferindo os olhos de alguns espectadores.

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