Raul Jungmann, criticou nesta quarta-feira, 25, o debate sobre o rearmamento no Brasil e as propostas que atualmente estão em andamento no Congresso Nacional sobre o tema (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2018 às 13h00.
São Paulo - O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, criticou nesta quarta-feira, 25, o debate sobre o rearmamento no Brasil e as propostas que atualmente estão em andamento no Congresso Nacional sobre o tema. Segundo Jungmann, que se disse um defensor do estatuto do desarmamento desde que foi aprovado, esse debate tem sido influenciado por lobbies como o dos vendedores de armas.
"Não acredito que a autotutela seja solução dos problemas da segurança pública. Sim, é possível fazer ajustes no estatuto, inclusive na questão rural. Agora, o que tramita no Congresso é como rasgar o estatuto", criticou o ministro, que participa do Fórum Estadão sobre governança e segurança pública, na capital paulista.
"O que precisamos é de esforço para melhorar nossa segurança pública", lembrou Jungmann, que foi contestado por parte da plateia presente no evento.
Para o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, a questão do rearmamento como vem sendo colocada no debate público é "uma falácia". "A posse de arma já é direito do cidadão, a legislação exige, mas coloca um controle. Aqui no Brasil se fez debate do bem contra o mal, a arma assumiu uma centralidade como se cidadão precisasse se proteger, o que tira responsabilidade das instituições", criticou. "A questão é como fazer o sistema mais eficiente."
Ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho concordou com os demais convidados e citou uma estatística mostrando que, entre os casos de latrocínio, é maior a proporção de mortes entre os que portavam uma arma e tentaram reagir. "O ladrão pensa que é policial e atira", disse.
Questionado sobre o andamento da intervenção do Rio de Janeiro, Jungmann disse que vê a situação como um "copo meio cheio, meio vazio". O lado vazio, explicou, são situações ainda cotidianas, como o controle de determinadas áreas por facções e milícias ou as mortes por bala perdida.
A parte cheia seriam indicadores que mostram que a organização das forças de segurança e o controle dos presídios melhorou. "Exemplos de sucesso como o de Medelín, na Colômbia, levaram nove anos para surtir efeito. Então não vai mudar do dia para a noite, mas ficará um legado e vamos entregar, no final deste ano, um Rio melhor em termos de segurança pública, avaliou o ministro."