Brasil

Planalto prega 'humildade' após pesquisa

Em avaliação recente da conjuntura política o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que ele e a sucessora estão "no volume morto"


	O Planalto aposta em medidas como os recentes lançamentos do Plano Safra e do Plano de Infraestrutura para ver os índices de popularidade de Dilma melhorarem
 (REUTERS/François Lenoir)

O Planalto aposta em medidas como os recentes lançamentos do Plano Safra e do Plano de Infraestrutura para ver os índices de popularidade de Dilma melhorarem (REUTERS/François Lenoir)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2015 às 09h46.

Brasília - A nova alta na rejeição do governo Dilma Rousseff, apontada por pesquisa Datafolha divulgada neste fim de semana, fez o Palácio do Planalto adotar a receita da "humildade" e da "paciência".

O levantamento mostra que 65% dos brasileiros rejeitam a administração da petista, índice comparável apenas ao obtido por Fernando Collor dias antes de ser alvo de impeachment, em setembro de 1992, quando registrou 68%. Apenas 1 em 10 eleitores consideram a gestão "ótima ou boa".

"O governo tem de ter humildade para reconhecer que a pesquisa reflete um momento de dificuldade política e econômica", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva. "Estamos vivendo uma situação de dificuldade econômica, o governo tem consciência das dificuldades e está fazendo ajuste para que sejam superadas. Estamos virando a página do ajuste e entrando na agenda de retomada da economia."

O Planalto aposta em medidas como os recentes lançamentos do Plano Safra e do Plano de Infraestrutura e também futuros, como na área energética e de banda larga, além do Minha Casa, Minha Vida 3, para ver os índices de popularidade de Dilma melhorarem.

Em avaliação recente da conjuntura política, feita em reunião fechada com religiosos no Instituto Lula, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que ele e a sucessora estão "no volume morto" e o PT, "abaixo do volume morto".

O otimismo do Planalto, no entanto, não é compartilhado entre os aliados do PT no Congresso. Para um importante líder da base, a situação "vai piorar ainda mais um pouco antes de começar a melhorar", por que são "muitas frentes, e todas difíceis e mal articuladas".

Ciente das dificuldades econômicas e do impacto da Operação Lava Jato e do risco de reprovação das contas do governo no Tribunal de Contas da União (TCU), havia quem esperasse resultado pior nos dados do Datafolha, como aprovação de apenas um dígito.

Para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a queda da popularidade da presidente é a continuidade de um processo de desgaste que chegou ao "fundo do poço".

Essa deterioração, em sua avaliação, foi provocada pela conjunção de fatores negativos, como a piora da economia e o escândalo de corrupção na Petrobras. "E, principalmente, pelo fato de estar fazendo um ajuste que não foi falado na campanha", afirmou.

O líder do PT Câmara, Sibá Machado (AC), enfatizou que nos primeiros seis meses de governo a agenda foi focada no ajuste fiscal e em cortes no Orçamento. "Toda vez que a economia tem maus indicadores, há uma perda de popularidade", disse. "Antes de uma crise política, há uma crise econômica e um massacre na mídia de modo geral."

Presidente do PSDB e candidato derrotado por Dilma no segundo turno, o senador Aécio Neves (MG) agradeceu nas redes sociais "o apoio de tantos brasileiros".

Na pesquisa Datafolha, o tucano apareceu 10 pontos à frente de Lula em uma eventual disputa pelo Planalto. Para Aécio, o recorde de rejeição da presidente "mostra a consciência crescente dos brasileiros em relação às mentiras de que foram vítimas durante a campanha eleitoral do ano passado e em relação à traição do atual governo, que descumpriu promessas feitas ao País".

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