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Partidos de Lula e Bolsonaro calculam que terão as maiores bancadas na Câmara

Entre os dez partidos com as maiores bancadas na Câmara atualmente, a maioria acredita que conseguirá ampliar a representação que tem hoje na Casa

Camara (Pablo Valadares/Agência Câmara)
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Alessandra Azevedo

Publicado em 1 de outubro de 2022 às 06h24.

No próximo domingo, 2, os eleitores escolherão quem ocupará as 513 vagas em disputa na Câmara dos Deputados. Neste ano, 32 partidos lançaram 10,6 mil candidaturas com o objetivo de conquistar o maior número possível de cadeiras a partir de 2023. Nunca houve tantos nomes concorrendo para deputado federal, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os dez partidos com as maiores bancadas na Câmara atualmente, a maioria acredita que conseguirá ampliar a representação que tem hoje na Casa. O PT, que manteve 56 deputados federais mesmo após a janela partidária deste ano, tem a ambição de voltar a ser a maior bancada da Casa, lugar hoje ocupado pelo PL, que também acredita que conseguirá se destacar.

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-(Arte: Camila Santiago)

A legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência da República, calcula que conseguirá eleger entre 75 e 80 deputados federais, impulsionado pela campanha de Lula e pela federação com o PV, que hoje tem quatro deputados, e o PCdoB, que tem oito. A federação PT/PCdoB/PV tem 511 candidatos à Câmara este ano.

As projeções do PL, do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, não ficam muito atrás. Após um aumento expressivo da bancada, que saltou de 33 eleitos em 2018 para 77 depois da janela partidária, a legenda calcula que terá entre 60 e 70 deputados federais a partir do ano que vem.

Com o objetivo de dobrar o número de eleitos em 2018, quando emplacou 33 nomes, o PL lançou 489 candidatos à Câmara este ano. A sigla de Bolsonaro, apesar do crescimento recente, tem menos verbas nesta eleição do que outros seis partidos -- entre eles, o PT --, já que o valor repassado depende do número de deputados eleitos pela legenda em 2018.

O PT elegeu 23 deputados a mais que o PL nas eleições passadas. O partido do presidente recebeu R$ 269 milhões do fundo eleitoral neste ano. Ao PT, foram repassados R$ 500 milhões. Além disso, em muitos estados, o PL priorizou candidatos a governadores e a senadores. O partido tem 14 candidatos a governos estaduais -- em 2018, lançou um.

Partidos de centro têm boas expectativas

O PP, segunda maior bancada da Câmara atualmente, com 58 deputados, pretende manter esse número. Políticos do partido afirmam, nos bastidores, que a expectativa é eleger algo entre 55 e 60 deputados. A sigla lançou 482 candidatos, com a pretensão de ampliar em 60% a bancada conquistada no pleito de 2018 (37).

Quarta maior bancada da Câmara, o União Brasil, criado a partir da fusão do DEM com o PSL, pretende eleger entre 60 e 70 deputados, projeção similar à do PL. A bancada atual é de 51 deputados. O partido, que tem 497 candidatos no pleito, só não tem nomes no Amapá e em Goiás, e conta com a maior fatia do fundo eleitoral: R$ 758 milhões.

“O projeto é eleger entre 60 e 70 deputados, estabilizamos nisso. Apostamos muito em governos estaduais”, afirma o vice-presidente do União Brasil, Antônio de Rueda. Ele lembra que o partido tem candidatos competitivos para os governos locais em pelo menos seis estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso e Piauí.

Em 2018, o PSL e o DEM, juntos, elegeram 81 deputados. Quatro anos atrás, o PSL, então partido de Bolsonaro, surfou na onda antipetista e conseguiu uma votação muito acima dos anos anteriores, aumentando a bancada de apenas um deputado eleito em 2014 para 52, em 2018.

Muitos dos deputados eleitos pelo DEM e, principalmente, pelo PSL migraram para a base de Bolsonaro depois que o presidente se filiou ao PL, em novembro de 2021. Na janela partidária deste ano, quando puderam trocar de partido sem penalidades, esses parlamentares foram para legendas como PP e Republicanos, além do próprio PL. As três - PL, PP e Republicanos - hoje formam a coligação que lançou o presidente à reeleição.

O Republicanos não deu uma estimativa de quantos deputados pretende eleger, mas, nos bastidores, parlamentares do partido dizem ter certeza de que o número não ficará abaixo dos 30 deputados eleitos em 2018. Hoje, a bancada conta com 44 nomes. O Republicanos foi o partido que, sozinho, mais lançou candidatos este ano: 510 concorrem a uma cadeira na Câmara.

O PSD acredita que ampliará a bancada dos atuais 46 para cerca de 60 deputados. Em 2018, o partido elegeu 34 deputados federais. Agora, com 404 postulantes espalhados pelo país, a intenção é quase dobrar esse número. “Todos os estados devem crescer um pouco. Será uma alta bem homogênea, ficando entre 55 e 65 deputados”, acredita o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Segundo Kassab, esse crescimento deve ser orgânico, resultado de “um trabalho de base muito forte” do partido e de um número expressivo de lideranças com visibilidade que estão em destaque neste ano, como o governador Ratinho Jr., que tenta a reeleição no Paraná pelo PSD, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG).

O MDB acredita que voltará a crescer, depois de uma queda brusca entre 2014, quando elegeu 66 deputados, e 2018, quando elegeu 34. O partido tem hoje 37 deputados. Pelos cálculos internos, a bancada deve chegar a algo entre 47 e 53. O partido tem 472 candidatos a deputado federal no país.

PSB e PDT não devem crescer muito

O PSB não informou quantos deputados pretende eleger, mas a expectativa é pelo menos manter o número atual, segundo deputados do partido. A bancada diminuiu na janela partidária, dos 32 deputados eleitos em 2018 para 24. O PSB tem 427 candidatos concorrendo à Câmara.

O PSDB, que também teve uma queda expressiva no número de representantes nos últimos anos, acredita que conquistará pelo menos 40 cadeiras em outubro, com a federação com o Cidadania. Hoje, o PSDB tem 22 deputados, sete a menos do que o número eleito nas últimas eleições, e o Cidadania conta com sete. Os dois partidos lançaram, juntos, 449 candidatos à Câmara, 295 tucanos e 154 do Cidadania.

“O cenário é otimista principalmente em meu estado, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Goiás e Minas Gerais”, disse o secretário-geral do PSDB, deputado Beto Pereira (MS). Segundo ele, nos últimos anos, “muitos deputados foram levados a mudar de partido por uma conjuntura muito mais regional do que propriamente nacional”, o que explicaria a diminuição da bancada.

O PDT, que hoje é a décima maior bancada da Câmara, acredita que conseguirá entre 35 e 40 deputados federais, segundo parlamentares do partido. A projeção é considerada otimista por analistas políticos. Hoje, a legenda do presidenciável Ciro Gomes tem 19 deputados. Em 2018, tinha 28. O PDT lançou 458 candidatos.

Sem contar as dez maiores bancadas e os partidos menores que agora fazem parte das federações citadas (PV, PCdoB e Cidadania), as outras siglas com representação na Câmara têm entre dois e nove deputados cada, somando 61 no total. Juntos, o PSol e a Rede, que se uniram em federação, têm dez.

PP e União Brasil podem emplacar maiores bancadas

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) fez uma projeção da composição da Câmara a partir de 2023 e concluiu que o mais provável é, de fato, que PT e PL elejam as maiores bancadas. Mas PP e União Brasil também têm chance de se destacar.

O volume de recursos de cada partido deve fazer diferença no resultado. “PP e União Brasil, além de terem estrutura partidária forte, indicaram para a Câmara nomes mais conhecidos em muitos estados, como ex-prefeitos e ex-deputados”, observa o analista político Neuriberg Dias, do Diap.

O Republicanos, apesar de ter menos recursos, também pode surpreender. O partido tem 40 candidatos à reeleição -- ou seja, nomes que os eleitores já conhecem. O PP ficou com R$ 333 milhões do fundo eleitoral e o Republicanos, com R$ 236 milhões.

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