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Para Erundina, aliança com Maluf é 'desconfortável'

Parceira de chapa de Fernando Haddad (PT), ex-prefeita não escondeu constrangimento

Erundina foi derrotada pelo malufismo em 1996 (Wikimedia Commons)

Erundina foi derrotada pelo malufismo em 1996 (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 14h39.

São Paulo - Às vésperas de o PP anunciar apoio ao ex-ministro Fernando Haddad (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a deputada e ex-prefeita Luiza Erundina (PSB), parceira de chapa do petista, não esconde o constrangimento de dividir palanque com o colega de Câmara Paulo Maluf. "Para mim não será confortável estar no mesmo palanque com o Maluf", disse a ex-prefeita ao Estado. "A campanha não sou eu nem Maluf individualmente. É um processo muito mais amplo e complexo, e isso se dilui, ao meu ver. (Mas) Claro que é desconfortável."

Erundina disse ter sido surpreendida pelo apoio de Maluf, a ser anunciado amanhã, e que, se tivesse sido consultada, "faria ponderações" e "provavelmente teria dificuldade de aceitar essa decisão". Com o PP, Haddad terá o maior tempo de propaganda na eleição paulistana. "Foi uma decisão dos partidos, que não passou nem passaria por mim. As responsabilidades de alianças são da direção nacional", explicou. Para Erundina, é provável que Maluf não suba no palanque ao lado dela e de Haddad. "Acho que ele nem vai enfrentar a reação da massa."

Pragmatismo.

Depois dos conflitos que viveu com o PT quando foi prefeita, ministra e candidata derrotada pelo malufismo em 1996 - brigas que a levaram a trocar a sigla, após 17 anos de militância, pelo PSB -, Erundina admite que o pragmatismo na hora de construir acordos para eleger candidatos e sustentar governos é necessário. Apesar de manter as críticas feitas aos governos Lula e Dilma e dizer que o PT "fez muitas concessões", a deputada entende que o partido "não perdeu a coerência de forma absoluta" e reconhece méritos nas gestões federais desde 2003.

"Prefiro não julgar um partido em que não estou mais. Agora, foram governos voltados para o interesse da maioria, mesmo que isso tenha exigido certas concessões ao outro polo da sociedade", avaliou. "A política é real, não é algo que se dá no plano do ideal, só da vontade política." Esse raciocínio está presente na autoavaliação de sua gestão, em que levantou bandeiras sociais na saúde, educação e habitação, mas enfrentou greves e oposição ferrenha - na Câmara Municipal e no próprio PT -, num processo que culminou na derrota de Eduardo Suplicy para Maluf.

"A relação do governo com o partido no município foi uma das dificuldades", lembrou Erundina. O PT paulistano era comandado pelo hoje presidente nacional da sigla, deputado estadual Rui Falcão. "Nós tivemos muita dificuldade. Ele (Falcão) reconhece hoje, não publicamente, mas particularmente faz uma autocrítica de que o partido poderia ter ajudado o governo e não ter criado tanta tensão", contou. E avaliou que, se tivesse adotado o pragmatismo que hoje há no PT, isso mudaria sua gestão. "Para ter maioria (na Câmara), teria que ter feito concessões. Preferi não ter maioria, não ter conseguido aprovar certas iniciativas de lei do que ter feito concessões." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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