Redação Exame
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 15h47.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou nesta terça-feira, 23, um encontro com o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, na segunda semana de janeiro, para tratar do impasse em torno da política de distribuição de voos no Rio de Janeiro.
Paes criticou publicamente uma possível flexibilização do teto de passageiros no Aeroporto Santos Dumont.
No fim de semana, o prefeito havia acusado a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de atuar de forma obscura, com “forças ocultas”, para derrubar o atual limite de 6,5 milhões de passageiros no Santos Dumont.
A agência, vinculada ao Ministério dos Portos e Aeroportos, respondeu às críticas repudiando as declarações de Paes.
Atualmente, a limitação de voos no Santos Dumont é apontada pela Anac como estratégia para reequilibrar o movimento de passageiros entre os dois aeroportos da cidade.
Com a imposição do teto, o Galeão viu seu fluxo mais que dobrar — de 6,8 milhões para 16,1 milhões de passageiros por ano.
No mesmo período, o Santos Dumont caiu de 10,9 milhões para 5,7 milhões, segundo dados da Infraero e da concessionária RioGaleão.
Paes afirmou em publicação na rede social X, antigo Twitter, que o ministro tem sido um aliado na reorganização do sistema aeroportuário do estado.
“Implementou medidas que fortaleceram o Galeão e ampliaram a malha de voos”, escreveu. “Teremos uma reunião para avançar com a melhor solução para o Rio e o Brasil”, completou.
O prefeito também agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem atribuiu atenção especial ao caso: “em defesa dos interesses do Rio de Janeiro”.
O Aeroporto Internacional Tom Jobim, conhecido como Galeão, foi concedido à iniciativa privada em 2014. Após os impactos da pandemia da covid-19, a Changi, operadora do terminal, manifestou ao governo em 2022 o interesse em devolver a concessão. Um ano depois, iniciou negociações para manter a operação, que foram concluídas em 2024.
Em junho de 2024, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou os termos da repactuação contratual, com participação direta da Anac. A renegociação incluiu um dos principais pleitos da concessionária: aumento de passageiros no terminal.
A repactuação prevê ainda uma venda assistida, processo semelhante a um novo leilão, mas sem reestatizar o aeroporto. A operação está marcada para 30 de março de 2026, com lance mínimo fixado em R$ 932 milhões. A Infraero, que detém 49% do Galeão, venderá integralmente sua fatia à empresa vencedora.
Enquanto isso, o governo avalia elevar o teto de passageiros no Santos Dumont para até 8 milhões por ano. A medida tem apoio parcial de setores da aviação e enfrenta resistência política por concentrar voos na zona sul carioca, mais próxima dos hotéis e da orla turística, em detrimento do Galeão, localizado na zona norte da cidade.