O prefeito Eduardo Paes: Paes afirmou que recebeu uma ligação de Temer recentemente garantindo que não faltará colaboração de um eventual governo (Tânia Rêgo/ABr)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2016 às 16h26.
Rio de Janeiro - O vice-presidente Michel Temer, que pode assumir a Presidência já na próxima semana em caso de afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado devido ao processo de impeachment, já entrou em contato com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e afirmou que seu eventual governo dará total apoio aos preparativos finais para os Jogos Olímpicos de agosto.
Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, Paes afirmou que recebeu uma ligação de Temer recentemente garantindo que não faltará colaboração do governo federal para a Olimpíada, que acontecerá de 5 a 21 de agosto, provavelmente com Temer como presidente. Os dois políticos são do mesmo partido, o PMDB.
“O vice-presidente me ligou e me garantiu seu total compromisso com os Jogos Olímpicos”, disse Paes. “Acho que a Olimpíada perpassa governos, mandatos e não vejo nenhum risco para a Olimpíada por conta desses problemas políticos.“ Apesar do otimismo, o prefeito reconheceu que imaginava um ambiente menos conturbado no país na reta final para a primeira edição dos Jogos Olímpicos na América do Sul.
Faltando três meses para o início do evento, Dilma deve ser afastada do cargo por até 180 dias pelo Senado na próxima semana como parte do processo de impedimento, e o país vive às voltas com as denúncias de corrupção apuradas pela operação Lava Jato, além de enfrentar um grave quadro de recessão econômica.
O Ministério do Esporte, uma das pastas-chave da preparação olímpica, vem sendo conduzido interinamente por Ricardo Leyser, que assumiu o cargo em meio às negociações do governo com partidos da base aliada para tentar evitar a admissibilidade do processo de afastamento de Dilma na Câmara. Agora, a chegada do PMDB à Presidência deve provocar nova mudança na pasta.
Apesar da garantia dada por Temer, o prefeito do Rio pediu atenção com tarefas de atribuição exclusiva do governo federal tais como questões sanitárias, segurança e vistos de entrada, entre outros.
“Estamos solitários em algumas funções há algum tempo, mas essas questões a prefeitura não tem como tocar e é importante se tratar isso da maneira mais institucional possível”, alertou.
Na preparação para os Jogos, um dos maiores desafios restantes é a finalização da obra do Velódromo, que devido a atrasos não passará por um evento-teste antes da Olimpíada. Ainda assim, Paes garante que a obra ficará pronta a tempo.
Fora do campo esportivo, a maior dor de cabeça do prefeito tem sido a queda de uma parte da ciclovia Tim Maia, em São Conrado, que matou duas pessoas no mês passado. “O que mais me perturba são problemas nossos que estão sob o nosso ou o meu controle, como a ciclovia”, afirmou.
Na entrevista à Reuters, o prefeito reiterou que não houve corrupção ou desvio de recursos nas obras contratadas pela prefeitura para os Jogos Olímpicos, mas frisou que não poderia colocar a mão no fogo por empreendimentos contratados pelos governo estadual e federal.
Recentemente, um dos principais procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato disse à Reuters que há mais projetos ligados aos Jogos Olímpicos sob investigação por suspeita de corrupção do que foi revelado até o momento.[nE5N17G000] Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a suspeita de corrupção nas obras da Olimpíada não se limita à revitalização da região portuária, que já é alvo de investigação, mas Paes disse que no âmbito da prefeitura pode garantir que não houve irregularidades.
“Posso afirmar que as obras que a prefeitura fez não têm nenhum esquema de corrupção como esse que estamos vendo. Garanto que não existe, mas acho normal que todas essas obras estejam abertas aos escrutínio, provocações e cobranças”, afirmou.
“As empresas da Lava Jato fizeram em outros lugares porque havia um agente público passivo e corrupto, mas aqui não tem isso. Estou tranquilo. Me refiro às obras da prefeitura, mas não posso responder por obras do governo estadual e federal”, disse o prefeito, lembrando que o município é o responsável pela maior parte dos projetos dos Jogos.
Apesar das afirmações do prefeito, a Justiça Federal do Rio bloqueou em março o repasse de recursos da Caixa Econômica Federal a um consórcio responsável por obras do Complexo de Deodoro dos Jogos Olímpicos por suspeita de fraude, em um caso sem relação com a Lava Jato.