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Outro delator entrega contas no exterior

O executivo Júlio Camargo apontou contas no exterior por onde movimentou pelo menos US$ 74 milhões entre 2005 e 2012

Dólares: segundo empresário, quatro contas foram usadas para pagar propina (Juan Barreto/AFP)
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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 08h11.

Curitiba - O executivo Júlio Camargo - do grupo Toyo Setal - apontou em um dos depoimentos de sua delação premiada contas na Suíça, Nova York e Uruguai por onde movimentou pelo menos US$ 74 milhões entre 2005 e 2012, além dos contratos que serviram para amealhar o dinheiro de caixa 2 do PT, PMDB e PP.

Diferentemente de Augusto Mendonça, outro executivo da Toyo Setal que fez delação premiada, Camargo nega que tenha havido pagamento de propina a partir de contratos superfaturados do grupo com a Petrobras de forma oficializada, com registros na Justiça Eleitoral.

Ele sustentou que tudo foi feito via caixa 2, por meio de lobistas. E deu o caminho das pedras para os investigadores. Envolveu o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque (indicado pelo PT ao cargo), o ex-gerente Pedro Barusco, o lobista Fernando Antônio Soares Falcão, o Fernando Baiano (operador do PMDB), o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef (operador do PP).

Segundo Camargo, quatro contas foram usadas para pagar propina. Duas na Suíça, uma no Uruguai e uma em Nova York. Todas abertas em nome de empresas de fachada, usadas para fornecer notas de serviços fictícios.

A conta do Uruguai foi aberta no Banco Winterbotham em nome da Piement Ltd., em 2006. Foi usada para movimentar US$ 40 milhões referentes à intermediação feita pelo operador do PMDB na construção de sondas de perfuração de águas profundas. O contrato envolveu a Diretoria Internacional e o ex-diretor Nestor Cerveró. Camargo apresentou os extratos de 2006 a 2008 dessa conta.

Na Suíça, o delator apontou contas que abriu no Credit Suisse em 2005. Uma delas, de nome Pelego. "Os recursos remetidos para a conta no Credit Suisse eram decorrentes de contratos de consultoria firmado por intermédio das empresas Auguri, Treviso e Piemonte com consórcios e outras empresas contratados pela Petrobras", afirmou Camargo. Ele apontou que a conta no banco suíço serviu para movimentar dinheiro de Duque, Barusco, Costa e Youssef.

A partir de 2011, o executivo disse ter começado a movimentar na Suíça outra conta de propinas: a Vigela. O beneficiário era Fernando Baiano. Os pagamentos foram feitos para a conta de uma offshore de nome Hailey, no BCP Geneve, "indicada por Fernando Soares, em setembro de 2011 e outubro de 2011, cada um por valor de US$ 500 mil".

O delator da Toyo Setal apresentou ainda uma conta aberta no Merril Lynch, em Nova York. "(Aberta) tão somente para operacionalizar o pagamento a Fernando Soares, por intermédio de Alberto Youssef."

Defesas

A defesa de Duque, por meio da assessoria de imprensa, informou que o ex-diretor nega qualquer acusação sobre ilícitos cometidos na Petrobras. Ele se colocou à disposição de todos os órgãos envolvidos nas apurações sobre a Petrobras para esclarecimentos.

"As delações de Júlio Camargo e Augusto Ribeiro são caluniosas. Os delatores, que são criminosos confessos, visam a, com as falsas acusações, receber um prêmio ao final, traduzido em isenção ou redução drástica de pena. Renato Duque nega as acusações e irá se defender de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro", afirmou o advogado Alexandre Lopes, que representa Duque.

A advogada Beatriz Catta Preta, que defende Barusco, não quis se manifestar. O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, informou que as sondas citadas na delação "foram construídas pela Samsung e locadas pela Petrobrás por uma empresa criada pela Petrobras e a Mitsui, não havendo qualquer irregularidade na contratação".

A defesa de Fernando Baiano, que está preso em Curitiba, nega que ele tenha movimentado dinheiro de propina no exterior. O próprio acusado, em depoimento aos investigadores da Lava Jato , admitiu ter contas na Suíça, mas que o dinheiro depositado nelas tem origem lícita.

Youssef e Costa confirmaram o esquema por meio de suas delações premiadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - Nove empreiteiras foram alvo da Polícia Federal nesta sexta-feira. A sétima fase da Operação Lava Jato , que investigadesvio de 10 bilhões de reais da Petrobras , fez busca e apreensão nas empresas. Alguns executivos foram presos, para prestar depoimento sobre possível ligação com o esquema de corrupção . Veja nas fotos quais empresas estão sendo investigadas e o que dizem sobre a operação.
  • 2. Odebrecht

    2 /10(Paulo Fridman/Bloomberg)

  • Veja também

    A empresa divulgou nota em que afirma que a Polícia Federal esteve em seu escritório no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos, expedido no âmbito das investigações sobre supostos crimes cometidos por ex-diretor da Petrobras.“A equipe foi recebida na empresa e obteve todo o auxílio para acessar qualquer documento ou informação buscada”, diz a nota da empresa.A Odebrecht afirma ainda que “está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”.
  • 3. UTC Engenharia

    3 /10(Divulgação)

  • A empresa afirmou que “colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias”.
  • 4. OAS

    4 /10(Divulgação/PAC)

    A OAS afirmou que “foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em visita à sua sede em São Paulo”. A empresa diz ainda que “está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações”.
  • 5. Engevix

    5 /10(Divulgação/ Engevix)

    Contatada por EXAME.com, a empresa afirmou apenas que “por meio dos seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados”.
  • 6. Galvão Engenharia

    6 /10(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Em nota, a Galvão Engenharia afirmou que "tem colaborado com todas as investigações referentes à Operação Lava Jato e está permanentemente à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
  • 7. Queiroz Galvão

    7 /10(Divulgação)

    A empresa se manifestou através de nota:"A Queiroz Galvão reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários."
  • 8. Camargo Corrêa

    8 /10(Divulgação)

    Em nota, a Camargo Corrêa disse que sempre esteve à disposição das autoridades. Veja a nota:“A Construtora Camargo Corrêa repudia as ações coercitivas, pois a empresa e seus executivos desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimentos dos fatos.”
  • 9. Mendes Junior

    9 /10(Divulgação)

    "O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, estava em viagem com a família na manhã desta sexta-feira (14/11). Assim que soube do mandado de prisão, tomou providências para se apresentar ainda hoje à Polícia Federal em Curitiba (PR). A Mendes Júnior está colaborando com as investigações, contribuindo para o acesso às informações solicitadas."
  • 10. Iesa

    10 /10(Divulgação IESA)

    EXAME.com não conseguiu contato com nenhum porta-voz da empresa até a publicação da reportagem.
  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPartidos políticosPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

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