Os tucanos em seu labirinto
O Congresso definitivamente não estava na lista inicial de dificuldades a serem enfrentadas pelo governo Temer. O presidente, afinal, é um dos mais experientes articuladores do país. Mas esta sexta-feira deve dar mais uma mostra de que a vida anda dura na relação com a Câmara – o Senado, como se sabe, virou fonte das […]
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 05h48.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h51.
O Congresso definitivamente não estava na lista inicial de dificuldades a serem enfrentadas pelo governo Temer. O presidente, afinal, é um dos mais experientes articuladores do país. Mas esta sexta-feira deve dar mais uma mostra de que a vida anda dura na relação com a Câmara – o Senado, como se sabe, virou fonte das mais explosivas crises políticas do país.
Temer achou prudente convidar nesta quinta-feira o tucano Antonio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara, para o cargo de ministro da Secretaria de Governo. Imbassahy no posto significaria o ápice de influência do PSDB no Executivo.
Mas a atitude causou reação imediata de deputados de Centrão, grupo de 200 parlamentares, que enxergou na medida uma forma de favorecimento para Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição da Câmara dos Deputados –o tucano era pré-candidato à cadeira. Por essa lógica, o principal nome do Centrão ao cargo, Rogério Rosso (PSD-DF), sairia esvaziado. A barganha foi uma união do grupo para travar a Reforma da Previdência, votando contra a proposta na votação de admissibilidade do projeto na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Na noite de ontem, o nome de Imbassahy foi descartado.
A dúvida é como fica, agora, a relação com os tucanos. As crises entre PMDB e PSDB vem de agosto, quando os aliados pediam mais “celeridade e austeridade” aos governistas. Após a crise da saída do ex-ministro Geddel Vieira Lima, tucanos voltaram a engrossar as críticas e ensaiaram até um desembarque da base. Um artigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), publicado na semana passada, afirmava que “é preciso reconhecer que, ao lado de alguns avanços importantes, as dificuldades permanecem graves”.
O PSDB está num dilema: do jeito como está montado o governo, não tem relevância nas reformas econômicas, e pode se queimar com a crise política. Enquanto tenta ganhar relevância no Congresso, e Imbassahy era a maior aposta, o partido faz pressão nos bastidores contra a equipe econômica, liderada por Henrique Meirelles. O plano é chegar o menos arranhado possível em 2018. Falta só combinar com o Centrão.