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Os erros e acertos de Dilma e Aécio no debate da Band

Para especialistas, a eleição ganhou contornos de clássico de futebol. Em um cenário assim, todo detalhe conta - inclusive a linguagem corporal do candidato

EXAME.com (EXAME.com)

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Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 15 de outubro de 2014 às 16h52.

São Paulo - Numa das eleições mais disputadas desde a redemocratização, os candidatos à presidência mostraram ontem que estão mais preparados para enfrentar o adversário no microfone. No entanto, na opinião de especialistas ouvidos por EXAME.com, ambos ainda precisam convencer o eleitor sobre temas cruciais: corrupção, no caso de Dilma Rousseff (PT), e programas sociais, no caso de Aécio Neves (PSDB).

Para Roberto Gondo Macedo, professor de marketing político do Mackenzie, a polarização entre PT e PSDB fez com que a eleição tomasse contornos de partida de futebol.

“Virou um Fla x Flu. E, com isso, reverter 2% dos votos é tarefa muito difícil. É uma das eleições mais difíceis desde 1989”, afirma. Num clima como esse, todo detalhe conta. Não é à toa que o debate de ontem foi acalorado e marcado por ataques, o que repercutiu nas redes sociais.

Segundo Macedo, na noite de ontem, Aécio conseguiu mostrar que não fará um governo como o de FHC. “Ele deixou claro que eram outros tempos e outro governo”, diz. Porém, para o professor, o tucano ainda não esclareceu suas posições sobre os programas sociais. “Ele até falou sobre isso, mas não conseguiu deixar sua mensagem clara.”

Do lado de Dilma, Macedo avalia que a candidata foi capaz de mostrar que fez muito na área social. Contudo, a petista pecou ao insistir em desconstruir o governo FHC, em vez de usar seu tempo para exaltar os feitos do seu governo, critica o professor.

A candidata à reeleição manteve-se na ofensiva durante boa parte do debate de ontem. Depois de passar o primeiro turno respondendo sobre a corrupção na Petrobras, a presidente adotou a estratégia de também trazer à tona suspeitas de corrupção em gestões tucanas.

Na avaliação de Reinaldo Polito, professor de marketing político da USP, essa foi uma tática acertada. “Ela tem que fazer esse contra ataque. Embora as denúncias que ela trouxe não tenham sido provadas, pelo menos ficou a suspeita na cabeça do eleitor. E com isso Aécio teve que se defender”, afirma.

Com os ataques ao tucano -- que incluíram temas como mensalão mineiro, aeroporto em Cláudio e cartel do metrô de São Paulo – Dilma desviou um pouco a atenção das denúncias na Petrobras. Porém, a petista ainda precisa melhorar sua resposta neste tema, diz Polito.

Ainda na avaliação do professor da USP, os dois candidatos acertaram no tom da discussão, sem se exaltarem demais. “Quando um debatedor sobe muito o tom de voz, ou é muito agressivo, o outro acaba saindo como vítima”, disse.

No caso da petista, ainda é possível melhorar na oratória. “Dilma precisa treinar bem a construção das frases para não interromper o raciocínio no meio”, analisa Polito.

Aécio, por outro lado, precisa ficar de olho em sua postura na hora de responder. Em alguns momentos, quando confrontado com uma acusação, o tucano dá um leve sorriso.

“Se isso for feito de forma exagerada, pode passar uma imagem de arrogância, prepotência. Mas, na medida certa, passa uma mensagem de indignação, demonstra que a acusação é infundada. Por enquanto, o Aécio tem feito na medida”, afirma.

A postura do tucano foi elogiada pelos especialistas. Ambos dizem que Dilma foi bem no debate, mas que Aécio foi melhor. “Ele demonstrou que estava mais convicto das informações que passava. Falou pausadamente, e conseguiu responder as acusações de sua adversária”, resume Polito.

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