Operação da PF prende Vaccarezza
Nova fase da Lava Jato lança investiga corrupção em contratos da Petrobras
Reuters
Publicado em 18 de agosto de 2017 às 07h39.
Última atualização em 18 de agosto de 2017 às 14h42.
A Polícia Federal realiza nesta sexta-feira simultaneamente duas novas fases da operação Lava Jato para investigar crimes de corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de ativos na contratação de grandes empresas pela Petrobras, informou a PF em comunicado.
O ex-deputado pelo PT Cândido Vaccarezza, que foi líder dos governos Lula e Dilma na Câmara, foi preso de forma temporária acusado de receber cerca de 500 mil dólares em propina por intermediar contratação pela estatal da empresa norte-americana Sargeant Marine para fornecimento de asfalto, de acordo com o Ministério Público Federal.
Segundo os procuradores, a influência de Vaccarezza em decorrência de seu cargo culminou na celebração de 12 contratos, entre 2010 e 2013, da petroleira com a Sargeant Marine no valor de aproximadamente 180 milhões de dólares.
"As evidências indicam ainda que sua atuação ocorreu no contexto do esquema político-partidário que drenou a Petrobras, agindo em nome do Partido dos Trabalhadores", disse o MPF em comunicado.
Também foi decretada a prisão do representante da Sargeant Marine no Brasil, bem como de dois gerentes da Petrobras à época acusados de envolvimento no escândalo, acrescentou o MPF.
Não foi possível fazer contato de imediato com representantes de Vaccarezza e da Sargeant Marine.
A outra ação simultânea da PF investiga relação suspeita entre executivos da estatal e um grupo de armadores estrangeiros para obtenção de informações privilegiadas e favorecimento para obtenção de contratos milionários, segundo a PF. Essa fase foi nomeada Sem Fronteiras.
De acordo com o Ministério Público Federal, esse esquema envolveria a participação do cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, para a facilitação de contratação de navios gregos, mediante o fornecimento de informações privilegiadas e o pagamento de propinas.
Por meio do esquema, grupos empresariais dos quais Kotronakis é sócio ou têm vínculos indiretos formalizaram contratos de afretamento com a Petrobras, entre os anos de 2009 a 2013, em valores que superam 500 milhões de dólares.
"Ao menos 2 por cento desses valores era destinado ao pagamento de propina a funcionários públicos corrompidos, operadores financeiros e agentes políticos", afirmou o MPF em comunicado.
O MPF investiga suspeita de favorecimento às empresas gregas Olympic Agencies, Perosea Shipping, Tsakos, Aegean Dynacom Tankers Management, Galbraiths e Dorian Hellas em contratos com a Petrobras. Não foi possível fazer contato de imediato com nenhuma dessas companhias.
"Estas novas operações deixam um recado claro: empresas estrangeiras não serão poupadas na Lava Jato. Muitas multinacionais têm tradição de cooperar com as investigações, mas é uma vergonha que várias delas não tenham atuado proativamente para investigar os fatos e contribuir com a Justiça brasileira", disse o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, em comunicado.
No total foram expedidos 46 mandados judiciais nas duas etapas, sendo 6 de prisão em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Há ainda 29 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução coercitiva, informou a PF.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerão à disposição do juíz da 13ª Vara Federal do Paraná.
As duas investigações tiveram início a partir de relato do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em seu acordo de delação premiada.