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Ofuscada, eleição municipal será ponto de partida para 2018

As eleições às prefeituras acontecem sob novas regras eleitorais que afetam diretamente as campanhas e seu financiamento


	Política: "É difícil prever porque é talvez a mais atípica eleição municipal que a gente viveu de 1985 para cá"
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Política: "É difícil prever porque é talvez a mais atípica eleição municipal que a gente viveu de 1985 para cá" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2016 às 17h27.

São Paulo - O turbilhão político que se abateu sobre o Brasil nos últimos anos e as mudanças significativas nas regras do jogo eleitoral deixaram a eleição municipal em segundo plano, ao mesmo tempo que transformaram o pleito local em um laboratório que servirá como ponto de partida para que os principais atores políticos do país tracem suas estratégias para a disputa nacional de 2018.

Ofuscadas pelo impeachment de uma presidente da República, pela cassação de um ex-presidente da Câmara dos Deputados e por um gigantesco escândalo de corrupção que acertou em cheio a imagem do principal partido político das últimas décadas, as eleições às prefeituras acontecem sob novas regras eleitorais que afetam diretamente as campanhas e seu financiamento.

O tempo de propaganda no rádio e na TV foi reduzido significativamente e o financiamento empresarial, que irrigou milionárias campanhas eleitorais nos últimos anos, foi abolido, o que tornou uma tarefa muito arriscada projetar o cenário que sairá das urnas no dia 30 de outubro, data do segundo turno nas cidades onde é possível duas rodadas de votação.

"É difícil prever porque é talvez a mais atípica eleição municipal que a gente viveu de 1985 para cá, desde que as eleições para as capitais foram retomadas", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.

"Entrou areia, entrou pedregulho, entrou pedaço de madeira, entrou tudo dentro desse mecanismo. Você não consegue prever o funcionamento desse mecanismo, porque ele não tem, nesse momento, um movimento normal. É um movimento instável", comparou.

Em edições anteriores, a eleição municipal serviu para testar a popularidade de governos estaduais e federal, além de funcionar como teste para lideranças que visam voos mais altos.

Desta vez, no entanto, a turbulência política que o país vive não dá sinais de trégua e o impacto em 2018 do que acontecer neste ano só deverá ser avaliado com precisão a posteriori.

"Se você quiser pensar em 2018, essa eleição municipal é episódica, porque você vai ter que olhar para ela dentro desse processo que vem pelo menos de 2013 para cá", disse Melo.

"Os efeitos dela para 2018, você vai ter um dia depois do segundo turno da eleição um indicador meramente quantitativo. Quem sai desse processo com mais prefeitos, mais vereadores e, portanto, com mais máquina distribuída no território nacional. É isso que a gente vai saber."

Respostas 

Além de definir o tamanho das máquinas que cada partido e cada liderança terá à disposição em 2018, o pleito municipal também servirá para responder algumas perguntas que pairam atualmente na cabeça de estrategistas políticos.

Primeiro, qual será o efeito do fim do financiamento empresarial nas campanhas e do tempo reduzido dos candidatos no rádio e na TV?

Segundo, que impacto terá a operação Lava Jato, que investiga um bilionário esquema de corrupção na Petrobras, no comportamento do eleitorado nas urnas?

"A eleição de 2016 vai ser o ponto de partida a partir do qual os partidos vão construir as suas estratégias para as eleições estaduais e, especificamente, a nacional com uma maior importância", disse o analista Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada. Segundo o analista, será possível medir o efeito eleitoral dessa crise política que ocorre nos últimos anos.

"A eleição não vai antecipar o comportamento do eleitor em 2018, mas vai dar o ponto de partida para que cada legenda construa a sua estratégia", completou Cortez.

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