Exame Logo

Odebrecht diz que colocou R$ 40 milhões à disposição de Lula

O empreiteiro Marcelo Odebrecht, disse que o ex-presidente "nunca pediu" diretamente e que a combinação foi feita via ex-ministro Antonio Palocci

Lula: segundo Marcelo Odebrecht houve duas situações em que ele identificou que Lula saberia do "saldo amigo" (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2017 às 17h17.

Última atualização em 12 de abril de 2017 às 17h33.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht , um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou ao juiz federal Sérgio Moro que a empreiteira "botou R$ 40 milhões que viriam para atender as demandas que viessem de Lula".

Segundo o delator, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "nunca pediu" diretamente. A combinação, afirmou, foi feita via ex-ministro Antonio Palocci (Governos Lula e Dilma/Fazenda e Casa Civil).

Veja também

"Tinha um saldo de R$ 40 milhões do que eu tinha combinado com Palocci. O que eu combinei com Palocci foi o seguinte: essa era uma relação minha com a Presidência, o PT. Eu disse: 'olha, vai mudar o governo, vai entrar a Dilma. Esse saldo passa a ser gerido por ela, a pedido dela'. Eu combinei com Palocci. A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do Instituto, para outras coisas. Vamos pegar e provisionar uma parte deste saldo e aí botamos R$ 35 milhões num saldo amigo, que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula", declarou.

Veja vídeo disponibilizado pela Revista Veja:

O delator prosseguiu. "A gente entendia que Lula ainda ia ter influência no PT. Como era uma relação nossa com a Presidência, PT, tudo se misturava. A gente botou R$ 40 milhões que viriam para atender as demandas que viessem de Lula. Eu sei disso. O Lula nunca me pediu diretamente. Essa informação eu combinei via Palocci."

Segundo Marcelo Odebrecht, no entanto, houve duas situações em que ele identificou que Lula saberia do "saldo amigo".

"Óbvio que ao longo de alguns usos, ficou claro que era realmente por Lula, porque teve alguns usos que ficou evidente para mim que era o uso. Teve alguns que o pedido era feito e saía via espécie. O Palocci pedia para descontar do saldo amigo. Quando ele pedia para eu descontar do saldo amigo, eu sabia que ele estava se referindo a Lula, mas eu não tinha como comprovar" disse.

Odebrecht explicou. "As duas únicas comprovações que eu teria de que Lula de certo modo tinha um conhecimento dessa provisão foi quando veio o pedido para compra do terreno do Instituto IL, que eu não consigo me lembrar se foi via Paulo Okamotto ou via Bumlai. Com certeza foi um dos dois e depois eu falei com os dois. Eu deixei bem claro que se eu fosse comprar o terreno sairia do valor provisionado. A gente comprou o terreno, saiu do valor provisionado e depois o terreno acabou... A gente vendeu o terreno e voltou a creditar."

O empreiteiro delator disse ainda. "E teve também, faz parte da minha colaboração, uma doação para o Instituto Lula em 2014 que saiu do saldo 'amigo'. São as únicas duas coisas que eu consigo dizer. O resto, essa informação vinha do Palocci, quando ele pedia para Brani pegar o dinheiro em espécie. Ele dizia: 'Olha, era para abater do saldo 'amigo' ou do saldo 'Itália' que era gerido por ele'."

Odebrecht falou ainda sobre o Instituto Lula. "O prédio IL foi aquele pedido que eu comentei com o sr. Em meados de 2010, o Paulo Okamotto ou o Bumlai, um dos dois, fez o primeiro approach. Mas depois eu conversei com os dois. Veio dizer que o Bumlai e Roberto Teixeira tinham fechado um terreno que queriam que fosse a futura sede do Instituto Lula. Queriam que a gente comprasse o terreno e doasse. Eu tinha acertado o valor que em tese era para ser doado todo. Vocês não querem, vocês ficam pedindo aos poucos. Se arrancar do provisionamento que eu tenho com Palocci, tudo bem. Mas eu tenho que pegar autorização dele. Eu fui em Palocci e disse: 'Palocci, pessoal tá querendo Instituto. Tem autorização sua para usar esses recursos no IL?'. Ele disse que sim. Eu fiz a transação, a gente comprou o terreno. Eu pedi a um amigo meu que prestava serviço para a empresa, de confiança, ele comprou o terreno no nome da empresa dele. Depois não andou em frente. Uma empresa nossa imobiliária acabou comprando o terreno para um empreendimento imobiliário. Depois não teve interesse. Eles resolveram comprar e depois desistiram. Foi feito um débito e lá na frente um crédito ao saldo Amigo", afirmou Marcelo Odebrecht.

 

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaMarcelo OdebrechtOperação Lava JatoSergio Moro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame