Brasil

Obras da diretoria de Graça tiveram desvio de R$ 700 mihões

A petroleira assumiu que o montante foi desviado da diretoria comandada por Graça no período de 2007 a 2012


	Graça Foster: ao detalhar as perdas por diretoria, a Petrobras, pela primeira vez, admitiu a existência de corrupção na diretoria comandada por Graça
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Graça Foster: ao detalhar as perdas por diretoria, a Petrobras, pela primeira vez, admitiu a existência de corrupção na diretoria comandada por Graça (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2015 às 10h40.

Rio - Projetos assinados pela ex-presidente da Petrobras Graça Foster, na época em que era diretora de Gás e Energia da empresa, estão na lista das obras superfaturadas que geraram perdas de R$ 6,2 bilhões, de 2004 a 2012.

A petroleira assumiu na quarta-feira, 22, que parte do dinheiro, R$ 700 milhões, foi desviada da diretoria comandada por Graça no período de 2007 a 2012.

Ela deixou a diretoria de Gás e Energia para ocupar a presidência da Petrobras, em janeiro de 2012. Três meses depois, afastou os diretores Paulo Roberto Costa, que ocupava a área de Abastecimento; Renato Duque, de Serviços; e Jorge Zelada, da Internacional.

Costa - que se tornou o principal delator do esquema de corrupção - e Duque foram presos durante as investigações da Operação Lava Jato.

A área de Abastecimento, responsável por refinarias e pela comercialização de petróleo, concentrou mais da metade do total da corrupção: R$ 3,4 bilhões.

A área de Exploração e Produção - que o ex-deputado federal Severino Cavalcanti (PP/PE) definiu como a que "fura poço e acha petróleo" - foi responsável pelo desvio de R$ 2 bilhões. E há R$ 100 milhões em "outros" departamentos.

Graça

Ao detalhar as perdas por diretoria, a Petrobras, pela primeira vez, admitiu a existência de corrupção na diretoria comandada por Graça.

Até então, o foco estava na área de Abastecimento, das refinarias. Costa, em depoimento à Polícia Federal, chegou a afirmar que a cobrança de propina era uma realidade em todas as diretorias, mas não citou Graça como integrante do esquema.

Já o empresário da Toyo Setal Augusto Mendonça, disse na quinta-feira, 24, à CPI da Petrobras que a área de Serviços da empresa, responsável pelas contratações de equipamentos e serviços de engenharia, tentava cobrar propina em todos os projetos da empresa, de todas as diretorias.

Ildo Sauer, que dividiu com Graça a diretoria de Gás e Energia no período sob investigação, argumenta que todas as compras eram feitas pela área de Serviços e Engenharia da empresa e cabia à sua diretoria apenas apontar a necessidade de construção de um projeto.

"Garanto que na minha gestão não houve nada ilícito. Ninguém pode jogar uma informação sobre investigações de 2004 a 2012 sem especificar os projetos sob suspeita. Acusações genéricas são irresponsáveis", afirmou Sauer, reclamando do que considerou "falta da clareza" da Petrobras ao detalhar a corrupção por diretoria.

Procurada, Graça Foster não quis se pronunciar. A atual direção da Petrobras também informou, por meio de sua assessoria, que não falaria a respeito.

Obras suspeitas

O atual diretor de Gás e Energia, Hugo Repsold, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que grande parte dos R$ 700 milhões desviados diz respeito à construção de gasodutos. Há ainda uma pequena parcela de usinas térmicas.

Repsold citou, entre os principais projetos, o Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste (Gasene), um investimento de R$ 8,8 bilhões, criado para transportar gás natural entre as duas regiões.

Alvo da CPI, o gasto com a rede de transporte de gás é questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por ter sido constituído na forma de Sociedade de Propósito Específico (SPE) e por causa de um sobrepreço de 1.800% no trecho de Cacimbas (ES) a Catu (BA), obra realizada no período em que Graça Foster era diretora.

A Petrobras contabilizou ainda desvio de recursos na construção do gasoduto Urucu-Manaus, iniciada em 2006 com o orçamento de R$ 2,5 bilhões e, após aditivos no contrato, concluída em 2009 a R$ 4,5 bilhões.

O ex-gerente de Engenharia da companhia Pedro Barusco, em depoimento à Operação Lava Jato, admitiu a cobrança de propina de 1% sobre o valor total da obra, de R$ 666 milhões. Colaborou Karin Sato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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