O presidente americano Barack Obama discursa durante o encontro do G20 (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2010 às 07h49.
Seul – Alvo de críticas do Brasil e de vários países - por adotar uma política de fortalecimento da economia interna com ameaças ao desequilíbrio econômico global -, o governo dos Estados Unidos se comprometeu a atuar de forma diferenciada.
O compromisso de Obama foi feito durante o encerramento da Cúpula do G20 (que reúne as maiores economias do mundo), segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
“O presidente Obama declarou que os EUA estarão trabalhando para a recuperação da economia e disse que os países que têm moeda de reserva têm de se portar de maneira diferenciada. Todo mundo assumiu responsabilidades. Acho que dá para ter uma cautela maior”, disse o ministro.
O governo norte-americano anunciou a compra de US$ 600 bilhões do Tesouro para tentar recuperar o mercado interno por meio do estímulo ao consumo e da geração de empregos. A medida, no entanto, é considerada uma ameaça à economia mundial por fragilizar o dólar.
Segundo Mantega, o documento firmado hoje (12) por todos os líderes presentes ao G20 não apresenta recomendações explícitas, mas compromissos. “O documento está recomendando que não se faça essa manipulação cambial. Todo mundo assinou o documento. Os países se comprometem a cumprir metas. O G20 é um fórum de compromissos.”
De acordo com o ministro, a partir do momento em que houve o compromisso coletivo, não pode ocorrer o rompimento de um dos governos. “[Por exemplo], a Alemanha, que assinou o documento, não poderá chegar amanhã e dizer que simplesmente não fez nada. Vai ter de fazer alguma coisa”, disse.
Mantega explicou que todos os países se comprometeram a tomar medidas “macroprudenciais” para evitar o agravamento de eventuais crises. Mas, segundo ele, essas medidas só poderão ser adotadas pelos países emergentes.
“Foi aprovada aqui a possibilidade de tomar medidas macroprudenciais para combater esses perigos, como no caso dos fluxos de capitais [quando sobram dólares no mercado]. Isso é inédito”, afirmou o ministro. “Isso quer dizer que poderemos controlar os capitais excessivos que vierem a entrar nos países. Se vierem os abusos, nós e outros países tomaremos as medidas, o que ajuda a conter o apetite de que isso ocorra.”