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Dois anos depois, o que aconteceu com a primeira lista de Janot

Entre os políticos citados, estavam os atuais líderes do governo Temer (PMDB) na Câmara e no Senado, Aguinaldo Velloso e Romero Jucá

Rodrigo Janot (Wilson Dias/ABr)

Rodrigo Janot (Wilson Dias/ABr)

Bárbara Ferreira Santos

Bárbara Ferreira Santos

Publicado em 12 de abril de 2017 às 06h00.

Última atualização em 12 de abril de 2017 às 15h03.

São Paulo --  Na noite desta terça-feira, 11, o Palácio do Planalto foi pego de surpresa com a divulgação da abertura de inquérito - autorizada pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin - que coloca políticos do alto escalão do governo sob investigação na Operação Lava Jato.

Os nomes compõe a segunda lista feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e chegou às mãos de Fachin no dia 21 de março, ficando sob sigilo até agora. Nela, são citados 8 ministros de Michel Temer, 24 senadores, 39 deputados federais, três governadores, um ministro do Tribunal de Contas da União e outras 23 pessoas que não possuem foro privilegiado, mas foram citadas pelos delatores.

A solicitação para a abertura dos inquéritos foi feita com base nas delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht envolvendo políticos com foro privilegiado. Entre os depoimentos colhidos, estava o do empresário Marcelo Odebrecht, presidente e herdeiro da empreiteira, condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 19 anos e quatro meses de prisão por crimes de corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro na Lava Jato.

E a primeira lista?

Esse não é o primeiro pedido de abertura de inquéritos feito pelo Procurador-Geral da República no âmbito da operação. Em março de 2015, Janot encaminhou uma lista para o STF pedindo a abertura de 21 inquéritos envolvendo 55 pessoas. O pedido daquela época foi feito com base na delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Entre os políticos citados na primeira lista, estão figuras do grande escalão do governo Michel Temer (PMDB) hoje, como o deputado Aguinaldo Velloso (PP-PB), líder do governo na Câmara, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), hoje presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que foi por apenas 12 dias ministro do Planejamento de Temer e depois virou líder do governo no Senado. 

Três dias depois de o pedido de Janot ter chegado ao STF, o ministro Teori Zavascki autorizou a abertura das investigações.

Mas, depois de dois anos da primeira lista de Janot, o que aconteceu com os políticos investigados?

Em síntese, pouca coisa.

Apenas 5 dos 50 políticos citados viraram réus no STF: o deputado federal Aníbal Ferreira Gomes (PMDB-CE), a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o deputado Nelson Meurer (PP-PR). Nenhum político foi condenado pela Suprema Corte.

Quatro pessoas citadas na lista foram condenadas, mas apenas quando seus casos foram para a primeira instância porque elas não tinham foro privilegiado. Entre os quatro, todos foram condenados pelo juiz federal Sergio Moro: o ex-deputado Pedro Correa (PP-PE), condenado a 20 anos de prisão, o também ex-deputado João Argôlo Filho, condenado a 11 anos de prisão, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado a 9 anos de prisão, e o lobista Fernando Soares, condenado a 16 anos e um mês de prisão.

Além deles, dois nomes que estavam na lista de Janot foram presos preventivamente por Sergio Moro na Lava Jato. Um deles foi o ex-ministro de Dilma Antonio Palocci (PT), preso na 35ª fase da operação por ter supostamente atuado de maneira direta como intermediário de políticos e a empreiteira Odebrecht. Também foi preso preventivamente o senador Delcídio do Amaral (então no PT-MS), que aparece na lista entre os inquéritos que o procurador-geral pede para serem arquivados.

Em primeira instância, nove políticos foram denunciados na Lava Jato em março deste ano pelo Ministério Público Federal do Paraná por improbidade administrativa por suposta participação de organização criminosa em desvios financeiros da Petrobras. São eles: João Alberto Pizzolatti Junior (ex-deputado, PP-SC), Pedro Correa (ex-deputado, PP-PE), Arthur Lira (deputado, PP-AL), José Otávio Germano (deputado, PP-RS), Luiz Faria (deputado, PP-MG), Nelson Meurer (PP-PR), Mario Negromonte (deputado, PP-BA), Pedro Henry Neto (ex-deputado, PP-MT), Roberto Pereira de Britto (PP-BA)./COLABOROU VALÉRIA BRETAS.

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