Henrique Meirelles, o ministro que virou candidato e vidraça
Ministro da Fazenda admitiu ser presidenciável, mas vai ter que lidar com passado no grupo J&F
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2017 às 18h53.
Última atualização em 3 de novembro de 2017 às 21h26.
Denúncias e notícias colocaram o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , nos holofotes nesta sexta-feira.
Segundo reportagem de Lauro Jardim, de O Globo , Meirelles teria recebido 180 milhões de reais como remuneração por serviços prestados à holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS e atualmente presos.
Até aí nada demais. Meirelles ajudou a família a montar o Banco Original, que, segundo o próprio ministro “vale uma fortuna, que será paga em dez, vinte anos”, aponta perfil de Meirelles, que sai na edição de novembro da revista Piauí, publicada nesta segunda-feira.
A reportagem também aponta que o ministro, entre 2014 e 2015, quando foi presidente do conselho da J&F, assinou atas de reuniões e balanços de final de ano que nunca existiram. “O conselho nunca se reuniu”, disse Meirelles.
A polêmica vem numa hora de renovada exposição. Nesta sexta-feira, em entrevista publicada por VEJA, o ministro da Fazenda admitiu ser presidenciável e falou abertamente sobre os fatores que podem influenciar sua decisão de disputar a eleição do ano que vem.
“Na primeira vez que levantaram esse assunto, há alguns anos, eu disse que a Presidência era uma questão de oportunidade e destino. Olho com realismo as coisas. Eu acredito que o país vai, de fato, estar bem na situação econômica, mas existem condições eleitorais que precisam ser analisadas”.
No começo da semana, Meirelles disse que considerava “interessante” a possibilidade de ser candidato a vice-presidente da República em 2018.
“Vice é até interessante, fui convidado para isso pelo presidente da República em 2010 e depois em 2014”, disse. Depois o ministro afirmou que o comentário era apenas uma brincadeira.
O problema é que um “ministro-candidato” pode prejudicar o andamento das reformas do governo e também do ajuste fiscal.
Com as mudanças pendentes de aprovação no Congresso e o déficit alto demais para as metas atuais, Meirelles pode angariar oposição no legislativo, o que tornaria ainda mais lento o processo de recuperação econômica e aprovação de reformas.
Meirelles, o ministro-candidato, vai ocupar cada vez mais manchetes. E sua passagem pelo enroladíssimo grupo J&F será alvo de intensa análise. Ainda falta um ano para o pleito de 2018.