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Na CCJ, aliado de Temer critica "ditadura de procuradores"

Durante debate, Darcísio Perondi (PMDB-RS) acusou os procuradores de se associarem a "bandidos delatores"

Darcísio Perondi: para o deputado, Janot e os integrantes do Ministério Público Federal esqueceram-se de analisar o perfil dos "delatores da moda" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Darcísio Perondi: para o deputado, Janot e os integrantes do Ministério Público Federal esqueceram-se de analisar o perfil dos "delatores da moda" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 17 de outubro de 2017 às 13h39.

Brasília - Um dos vice-líderes do governo na Câmara, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) acusou nesta terça-feira, durante debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), haver uma "ditadura de procuradores" que se associaram a "bandidos delatores" para implicar o presidente Michel Temer.

"Agora vem uma ditadura de procuradores que se associam a bandidos delatores", afirmou Perondi, ao defender a aprovação do parecer de Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), favorável à rejeição da segunda denúncia contra Temer movida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Para o deputado, Janot e os integrantes do Ministério Público Federal esqueceram-se de analisar o perfil dos "delatores da moda". Segundo ele, Funaro equivale a traficantes que corrompem a juventude, tendo o mesmo perfil de Fernandinho Beira-Mar e Pablo Escobar.

"O Funaro, em nome da sua salvação, inventou de tudo", criticou o peemedebista, para quem Temer é um homem íntegro e um jurista renomado.

Além de desqualificar a denúncia, deputados alinhados ao Palácio do Planalto também fizeram questão de destacar a melhoria nos indicadores econômicos na gestão do Temer e a ideia de que o melhor manter o presidente para dar continuidade a sua agenda até 2018.

Na linha da estratégia do governo para acelerar a fase de discussão, até o momento três deputados alinhados ao governo inscreveram-se para falar, mas não estavam presentes para discursar. Pelas regras acordadas, os parlamentares que não estiverem presentes na comissão no momento de suas falas não poderão se pronunciar novamente.

Por outro lado, todos os deputados contrários a Temer inscritos têm feito questão de discursar.

Primeiro a se manifestar na CCJ, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmou que é um grande constrangimento para o governo ter um presidente da República acusado de ser o chefe da quadrilha. "Temer usa o cargo para praticar crimes", criticou. "É a oportunidade desta casa se reencontrar com o povo brasileiro", completou.

O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), não atendeu ao pedido de Molon para questionar o início da sessão de discussão do parecer de Bonifácio. Pacheco destacou que o questionamento -a validade da sessão do plenário da Câmara desta terça para a contagem do prazo- deveria ser feita diretamente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A expectativa é que a comissão suspenda as atividades às 14h desta terça-feira e volte 45 minutos depois.

O deputado Ivan Valente (PSol-SP) afirmou que está ocorrendo uma "compra" de votos pelo governo para barrar o julgamento da denúncia contra Temer pelo Supremo Tribunal Federal. "Isso se chama bandidtismo político, não naturalizemos isso na atividade política", protestou.

Vídeos

Até o momento, a polêmica envolvendo a divulgação dos vídeos da delação de Funaro -e o conteúdo das acusações- não tem sido explorada na maioria das intervenções feitas pelos deputados.

A reunião da CCJ ocorre após a polêmica envolvendo o presidente da Câmara e o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, a respeito da divulgação de vídeos da colaboração de Funaro, enviados pelo STF para instruir o caso.

Carnelós havia chamado de "criminoso" o "vazamento" da gravação, que estava no site da Câmara desde o final de setembro. O advogado de Temer, contudo, depois se retratou de suas declarações por não saber que o material estava no endereço eletrônico da Casa.

Maia chamou o defensor de Temer de "incompetente" e "irresponsável". Posteriormente, o ministro Edson Fachin, do Supremo, informou pela assessoria que o sigilo da delação de Funaro não havia sido retirado. Isso significa que todo o material ligado a ele permanece sob segredo de Justiça e não deveria ter sido divulgado pela Câmara.

O governo atuou nos últimos dias para colocar panos quentes nesse debate e tentar votar o parecer na CCJ até quinta-feira e, no plenário da Câmara, na próxima semana.

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