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MPF denuncia tesoureiro do PT e ex-diretor da Petrobras

O Ministério Público Federal denunciou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque


	Petrobras: MPF afirmou ter "ampla prova" de que o tesoureiro do PT se encontrou com ex-executivos da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco
 (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Petrobras: MPF afirmou ter "ampla prova" de que o tesoureiro do PT se encontrou com ex-executivos da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco (Yasuyoshi Chiba/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2015 às 21h00.

O Ministério Público Federal denunciou nesta segunda-feira o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por crimes de corrupção no âmbito da operação Lava Jato, que investiga denúncias envolvendo pagamento de propina como resultado de fraudes em licitações da Petrobras.

Mais cedo, o MPF já havia anunciado a prisão e a denúncia por crimes de corrupção do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o terceiro ex-executivo da cúpula estatal a ser denunciado no caso.

Vaccari, diferentemente de Duque, não está entre as seis pessoas que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça para serem cumpridos nesta segunda-feira.

"Vaccari tinha consciência de que os pagamentos (doações de campanha) eram feitos a título de propina", afirmou o procurador Deltan Dallagnol, em entrevista a jornalistas, em Curitiba.

O Ministério Público Federal afirmou ter "ampla prova" de que o tesoureiro do PT se encontrou com ex-executivos da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco para tratar de doações ao partido, disse o procurador.

Barusco, ex-gerente-executivo da diretoria de Serviços da Petrobras, é um dos principais delatores do esquema e fez um acordo de delação premiada com as autoridades.

Segundo Dallagnol, as doações ao PT com base em propina de corrupção na Petrobras foram feitas ao diretório nacional e a três ou quatro diretórios locais.

Barusco afirmou na semana passada à CPI da Petrobras que o tesoureiro do PT gerenciava o recebimento de propinas para o partido no sistema que envolveu a petroleira, empreiteiras e políticos. Ele estimou que o PT teria recebido de 150 milhões a 200 milhões de dólares em propina, reafirmando declarações dadas à Justiça.

Procurado, o PT não se manifestou imediatamente.

Em nota na semana passada, o partido afirmou que Vaccari nunca tratou de "finanças ou doações para o partido" com Barusco.

A defesa de Vaccari disse que ainda não tem ciência dos termos da denúncia, mas reiterou que o tesoureiro do PT não participou de nenhum esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao partido. A defesa disse que Vaccari assumiu o cargo de tesoureiro em fevereiro de 2010, período posterior aos supostos crimes.

NOVAS DENÚNCIAS

Vaccari e Duque estão entre os 27 denunciados nesta segunda-feira em uma nova fase da Lava Jato por crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha.

O procurador Dallagnol denunciou nesta segunda-feira um esquema de corrupção em obras das refinarias Repar (Paraná) e Replan (Paulínia), além de apontar o uso de gasodutos Pilar-Ipojuca e Urucu-Coari em esquema de lavagem de dinheiro por ex-executivos da estatal.

Além de Duque, os outros dois ex-diretores da Petrobras com envolvimento no caso de corrupção são Nestor Cerveró (internacional), já denunciado pelo MPF, e Paulo Roberto Costa, que atuava na diretoria de Abastecimento e é um dos delatores do esquema.

Segundo Dallagnol, levando-se em conta os percentuais de propina cobrada sobre os contratos da diretoria de Abastecimento, os desvios nas obras apenas nesta diretoria podem ter chegado a 4 bilhões de reais. No entanto, o montante final só poderá ser definido ao longo das investigações.

O procurador afirmou ainda que as investigações do esquema continuam e "não estão no fim", acrescentando que acordos de delação premiada já garantiram devoluções aos cofres públicos de cerca de 500 milhões de reais.

Apesar da denúncia contra o tesoureiro do PT, o procurador afirmou que a corrupção endêmica é um fenômeno pluripartidário e que estruturas precisam ser alteradas no país. Ele defendeu ainda que a corrupção passe a ser um crime de "alto risco".

O advogado de Renato Duque disse que sua prisão foi ilegal, uma vez que Duque já havia sido solto anteriormente por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado nega que o ex-diretor tenha praticado delitos na Petrobras.

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