Indígenas: segundo a denúncia do MPF, pistoleiros teriam sido contratados e financiados por proprietários rurais da região para violentar e ameaçar as comunidades (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2016 às 17h25.
Brasília - O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou nesta sexta-feira, 17, duas denúncias contra 12 pessoas envolvidas em crimes contra os povos guarani kaiowá e ñandeva, em Mato Grosso do Sul.
Eles são acusados de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo.
Os ataques foram cometidos contra indígenas do cone sul do Estado, na região de fronteira com o Paraguai. Segundo a denúncia do MPF, pistoleiros teriam sido contratados e financiados por proprietários rurais da região para violentar e ameaçar as comunidades.
Oitivas, diligências, fotos, vídeos, buscas e apreensões, afirma o MPF, comprovam a atuação dos milicianos. O Ministério Público, porém, não divulgou a íntegra das denúncias, porque os processos correm sob sigilo.
As investigações foram conduzidas pela força-tarefa Avá Guarani, instituída pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, há oito meses, para apurar crimes contra as comunidades indígenas.
O ajuizamento das denúncias é a primeira de uma série de medidas em andamento para combater este tipo de conflito na região, uma situação que há anos aguarda solução.
Para o MPF, a força-tarefa "é uma maneira de dar uma resposta efetiva aos milhares de indígenas vítimas de violência, que poderiam deixar de acreditar na Justiça por causa da impunidade".
Todos os anos são registrados casos de assassinatos de índios em Mato Grosso do Sul.
Na terça-feira, 14, um grupo de dezenas de pistoleiros matou o indígena Clodioude Aguile Rodrigues dos Santos. Outros seis índios que ficaram seriamente feridos pelos tiros ainda permanecem no Hospital da Vida, em Dourados.
O MPF divulgou um vídeo do momento do ataque aos índios.