Movimento não sugere projeto de continuidade, diz estudiosa
Segundo Maria Lídia, as redes, de certo modo, assumem o lugar dos partidos políticos, que são a forma clássica de organização social
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2013 às 18h46.
Rio de Janeiro - Ex-integrante do Núcleo de Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF), a assistente social Maria Lídia Souza da Silveira disse hoje (18) à Agência Brasil que a primeira coisa que chama a atenção nas manifestações registradas nos últimos dias em várias cidades brasileiras é o retorno dos jovens às ruas, depois de um período longo sem manifestações no país.
Em contrapartida, salientou a falta de perspectiva de continuidade de projeto.
Esses jovens se organizam a partir das redes sociais , mas o que está por trás dessa participação é, em primeiro lugar, o questionamento das formas organizativas atuais. Ela cita, especialmente, o caso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que deixou de ser uma expressão organizativa com autonomia, segundo avaliou. “De outro lado, acho que existe um questionamento das formas organizativas clássicas, leia-se aí os partidos políticos, que hoje não chamam a atenção desses jovens, em termos de projeto”.
Segundo Maria Lídia, as redes, de certo modo, assumem o lugar dos partidos políticos, que são a forma clássica de organização social.
Destacou também que, na sociedade capitalista em que vivemos, os valores fundamentais se apoiam em uma perspectiva individualista. “É o ego acima de tudo”. Por isso, conclui, costuma-se qualificar os jovens como não participativos.
Para ela, é justamente a essa visão que as manifestações vêm se contrapor. “Esse movimento, com caráter espontâneo, que é organizado via redes, de certa forma contradiz a dimensão individualista, porque o jovem vai para a rua não só pelo passe livre, que é o motivo mais aparente. Vai às ruas reivindicando direitos à saúde, à educação, que não são só para os jovens. Ou seja, eles retomam a dimensão da totalidade social. São direitos para todos”.
Maria Lídia disse que esse movimento, que se caracteriza por ser rapidamente articulado e organizado, além de apresentar bandeiras diversificadas, é um movimento espontâneo. “A meu ver, ele revela que, o que está valendo, é o agora”. Nesse sentido, ponderou que, na medida em que não há uma preocupação organizativa, a perspectiva de projeto, de algo que terá continuidade ou que sinaliza para algum destino, está comprometida, ao contrário do que sucedeu com jovens de outras gerações.
“Para nós que participamos da luta contra a ditadura militar, que tínhamos um projeto socialista, que tínhamos uma perspectiva, esse movimento da espontaneidade não sinaliza para uma continuidade”. Se isso é bom ou ruim, terá de ser avaliado a partir do desdobramento do conjunto de manifestações que estão ocorrendo em todo o país, sugeriu.
Rio de Janeiro - Ex-integrante do Núcleo de Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF), a assistente social Maria Lídia Souza da Silveira disse hoje (18) à Agência Brasil que a primeira coisa que chama a atenção nas manifestações registradas nos últimos dias em várias cidades brasileiras é o retorno dos jovens às ruas, depois de um período longo sem manifestações no país.
Em contrapartida, salientou a falta de perspectiva de continuidade de projeto.
Esses jovens se organizam a partir das redes sociais , mas o que está por trás dessa participação é, em primeiro lugar, o questionamento das formas organizativas atuais. Ela cita, especialmente, o caso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que deixou de ser uma expressão organizativa com autonomia, segundo avaliou. “De outro lado, acho que existe um questionamento das formas organizativas clássicas, leia-se aí os partidos políticos, que hoje não chamam a atenção desses jovens, em termos de projeto”.
Segundo Maria Lídia, as redes, de certo modo, assumem o lugar dos partidos políticos, que são a forma clássica de organização social.
Destacou também que, na sociedade capitalista em que vivemos, os valores fundamentais se apoiam em uma perspectiva individualista. “É o ego acima de tudo”. Por isso, conclui, costuma-se qualificar os jovens como não participativos.
Para ela, é justamente a essa visão que as manifestações vêm se contrapor. “Esse movimento, com caráter espontâneo, que é organizado via redes, de certa forma contradiz a dimensão individualista, porque o jovem vai para a rua não só pelo passe livre, que é o motivo mais aparente. Vai às ruas reivindicando direitos à saúde, à educação, que não são só para os jovens. Ou seja, eles retomam a dimensão da totalidade social. São direitos para todos”.
Maria Lídia disse que esse movimento, que se caracteriza por ser rapidamente articulado e organizado, além de apresentar bandeiras diversificadas, é um movimento espontâneo. “A meu ver, ele revela que, o que está valendo, é o agora”. Nesse sentido, ponderou que, na medida em que não há uma preocupação organizativa, a perspectiva de projeto, de algo que terá continuidade ou que sinaliza para algum destino, está comprometida, ao contrário do que sucedeu com jovens de outras gerações.
“Para nós que participamos da luta contra a ditadura militar, que tínhamos um projeto socialista, que tínhamos uma perspectiva, esse movimento da espontaneidade não sinaliza para uma continuidade”. Se isso é bom ou ruim, terá de ser avaliado a partir do desdobramento do conjunto de manifestações que estão ocorrendo em todo o país, sugeriu.