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Moro ministro é um ganho para a causa da corrupção, diz Deltan Dallagnol

Para o procurador da Lava Jato, o futuro ministro da Justiça terá condições de mudar as "engrenagens" no Ministério e contribuir mais ao país

Dallagnol: para o procurador, forças poderosas contrárias aos avanços e reformas estruturais propostas por Moro existirão (Wilson Dias/Agência Brasil)

Dallagnol: para o procurador, forças poderosas contrárias aos avanços e reformas estruturais propostas por Moro existirão (Wilson Dias/Agência Brasil)

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Clara Cerioni

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 16h30.

Última atualização em 22 de novembro de 2018 às 16h37.

São Paulo — Durante participação no 13º Siac, Seminário da Associação Nacional das Empresas de Crédito, que aconteceu nesta quinta-feira (22), em São Paulo, o promotor público da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol defendeu a decisão de seu colega Sérgio Moro em assumir o Ministério da Justiça no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

“A nomeação de Sérgio Moro é uma causa bem maior do que a Lava Jato. É um ganho para a causa do combate à corrupção”, disse.

Para o procurador, o aceite do juiz federal pode trazer mudanças para as estruturas da corrupção. "Em Curitiba, Moro estava lutando contras as engrenagens e agora vai estar lá (em Brasília) para mudar as engrenagens", ressaltou.

Ele reconheceu, no entanto, que “vão existir forças poderosas contrárias a esses avanços e reformas estruturais” a serem realizadas por Moro.

“A Lava Jato é um passo na direção certa, mas é insuficiente. Não basta tirar as maçãs podres do cesto, temos de mudar as condições para evitar que as maçãs apodreçam", concluiu.

Guerra pelo poder

No mesmo evento, o sociólogo Demétrio Magnoli se mostrou reticente com a composição do governo do presidente eleito.

Segundo o teórico, o futuro governo é composto por núcleos que não congregam o mesmo pensamento e isso pode ser “uma receita perfeita para uma guerra interna em busca do poder”.

“Ele (Bolsonaro) formou uma equipe econômica mais liberal do que a formada pela primeira gestão do ex-presidente Lula. A questão é que existe ao lado dessa equipe um núcleo militar que vem de uma extração história da era do presidente Geisel. São pensamentos que não coincidem, um liberal (econômico) e outro estatizante (militar). Somando-se a isso, a bancada religiosa, aqueles que congregam de pensamentos de movimentos como o MBL. Ele (Bolsonaro) não tem estrutura política”, disse Magnoli.

Para ele, o presidente eleito somente conseguirá superar essas diferenças se tiver habilidade política, o que “ainda não demonstrou”.

“Bolsonaro sempre se mostrou um parlamentar com ideias estatizantes. Dizem que a crisália virou borboleta, mas acho que não. A crisália convive com a borboleta. Existem dois Bolsonaros dialogando entre si a sós. E ele precisa resolver essa dicotomia”, afirmou o sociólogo.

Mas, para Magnoli, Bolsonaro teve uma atitude ousada ao nomear Sério Moro para o superministério da Justiça.

Segundo ele, Moro tem apoio popular e, se não trair a sua biografia e continuar sendo o arauto da corrupção, pode ter que atuar contra o próprio governo e Bolsonaro não poderá barrar essas atitudes.

“Foi ousado porque ele nomeou um ministro que não pode ser demitido. Se, por um acaso, existir uma situação em que Moro se mostre contra o governo, Bolsonaro terá de escolher entre defender seus ministros e pares ou o ministro da Justiça. Pode ser um o início do fim do governo ou a sua consagração", reforçou.

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