Moro afirma que Bolsonaro não é um risco para a democracia no Brasil
O indicado para o Ministério da Justiça fez a declaração em defesa do presidente eleito durante fórum em Madri
EFE
Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 13h39.
Última atualização em 3 de dezembro de 2018 às 14h47.
Madri — O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro , afirmou nesta segunda-feira que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, não representa um risco para a democracia e o estado de direito no Brasil.
Moro disse durante um fórum em Madri que não vê "um risco de autoritarismo ou contra a democracia" em Bolsonaro.
Em seu discurso no fórum da Fundação Internacional para a Liberdade (FIL), presidida pelo escritor Mario Vargas Llosa, o juiz exonerado afirmou que também não vê a possibilidade de o novo governo aprovar medidas que "discriminem as minorias".
Sergio Moro explicou o resultado da eleição presidencial no profundo impacto da indignação causada pela "corrupção sistemática" descoberta nos últimos anos.
O futuro ministro repassou brevemente a atuação da justiça nos casos de corrupção dos últimos anos, especialmente a Operação Lava Jato, que revelou gigantescos desvios da Petrobras, e ressaltou que "ninguém foi condenado por suas ideias políticas".
Moro explicou que aceitou a proposta de Bolsonaro para ser ministro da Justiça porque é preciso dar uma "resposta institucional" fora dos tribunais para problemas como a corrupção, o crime organizado e a violência, através de "um endurecimento" das leis.
Considerou que estes males "afetam a qualidade da democracia em si própria" e lembrou que no Brasil são cometidos 60 mil assassinatos por ano, dos quais apenas 10% são solucionados, algo que constitui "uma calamidade".
Além disso, o ex-juiz afirmou que não planeja ser candidato à Presidência no futuro.
"Não tenho mais ambições além da minha agenda política" nessas reformas jurídicas, ressaltou.
Ao apresentar Moro, Vargas Llosa afirmou que o ex-juiz é "exemplo da revolução silenciosa" dos brasileiros opostos à corrupção institucionalizada no país.
O escritor e ensaísta lembrou que se fala que a eleição de Bolsonaro representa a chegada da extrema-direita e do fascismo ao poder, e reconheceu que ele tende a "desconfiar" desses rótulos. EFE