Minutas de decreto de golpe previam prisão de Moraes e novas eleições, segundo PF
Segundo a PF, ex-presidente Jair Bolsonaro pediu alterações no documento e convocou reunião para mostrar a minuta para os comandantes das forças militares
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 13h04.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 14h07.
A investigação da Polícia Federal (PF) sobre os atos antidemocráticos e a tentativa de golpe de Estado apurou que minutas golpista que determinavam a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foram entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
As informações constam na decisão de Moraes que embasam a operação deflagrada nesta quinta-feira, contra Bolsonaro, ex-ministros, assessores e militares. O ex-presidente teve o seu passaporte apreendido pela PF e foi proibido de falar com os outros investigados.
Segundo a PF, foram cumpridos33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Minutas do golpe
Segundo a PF, a minuta de golpe foi entregue a Bolsonaro por seu ex-assessor para assuntos internacionais Filipe Martins, preso na manhã desta quinta, e Amauri Feres, alvo de busca e apreensão.
O rascunho detalhava supostas interferências do Judiciário no Executivo e decretava a prisão de diversas autoridades, entre elas os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e Rodrigo Pacheco, além de definir a realização de novas eleições
Investigações apontam ainda que alterações na minuta foram realizadas a pedido de Bolsonaro. Com as mudanças, permaneceu no rascunho o pedido de prisão de Moraes e a determinação de novas eleições. A PF aponta que o ex-presidente teria concordado com os termos do documento e convocado uma reunião com os comandantes das forças militares para apresentar a minuta e pressioná-los a aderirem ao Golpe de Estado.
Os policiais identificaram que a agenda e os voos de Moraes foram monitorados pelos investigados, que acompanharam os deslocamentos do ministro com o intuito de executarem a ordem de prisão, em caso de consumação do Golpe de Estado. Conversas entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e Marcelo Câmara, coronel do Exército, preso nesta manhã, evidenciam o monitoramento do itinerário do ministro do STF, chamado de "professora" pelos investigados, segundo documentos encontrados pela PF.