Metade dos brasileiros temem que Brasil volte à Ditadura, diz Datafolha
Pela pesquisa, o índice de eleitores que declararam haver possibilidade de ditadura cresceu 11 pontos em relação ao levantamento de 2014
Clara Cerioni
Publicado em 28 de outubro de 2018 às 07h27.
Última atualização em 28 de outubro de 2018 às 07h27.
São Paulo – Às vésperas de uma nova eleição presidencial , 50% dos brasileiros vão às urnas com medo de que o País se torne novamente uma ditadura. Foi o que constatou uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha.
Pelo levantamento, realizado nos dias 17 e 18 de outubro e que entrevistou 9.137 pessoas em 341 municípios, o índice de eleitores que declararam haver atualmente essa possibilidade cresceu 11 pontos em comparação à pesquisa feita em fevereiro de 2014, passando de 39% para 50%.
Desses que acreditam que o Brasil pode voltar a um regime autoritário, 31% avaliam que há muita chance de uma nova ditadura no país (era 15% em 2014) e 19% avaliam que há um pouco de chance disso acontecer (era 24% em 2014).
Já a porcentagem de eleitores que declararam não haver nenhuma chance de uma nova ditadura no país recuou de 51% para 42% e 8% não opinaram sobre o assunto.
A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a margem de erro, a chance do resultado retratar a realidade é de 95%.
A percepção de uma nova ditadura no país é mais alta entre as mulheres (55%) do que entre os homens (45%), de acordo com a pesquisa.
Os mais jovens também têm mais medo da ditadura do que os mais velhos, mesmo não vivendo os anos de chumbo no Brasil. O levantamento apontou que 59% dos mais jovens tem a percepção de uma nova ditadura por aqui e 47% entre os mais velhos.
Quando se fala em grau de instrução, 54% das pessoas menos instruídas percebem o risco de um regime ditatorial. Já entre os mais instruídos somente, 43% acreditam nessa possibilidade.
Há proporção semelhante no segmento de renda familiar. Segundo o Datafolha, 57% entre os mais pobres percebem a iminência de uma ditadura ante 38% entre os mais ricos.
Por outro lado, observa-se entre os homens (50%), entre os mais instruídos (54%) e entre os mais ricos (60%) os índices mais altos de não haver nenhuma chance de uma nova ditadura no Brasil.
O Datafolha avaliou também se a ditadura brasileira deixou legados, tanto positivos quanto negativos. A maioria dos entrevistados, 51%, avaliou que a ditadura deixou mais realizações negativas do que positivas ao país (era 46% na pesquisa de fevereiro de 2014).
Mas, para 32% das pessoas entrevistadas, o regime ditatorial deixou mais realizações positivas do que negativas (era 22%) e uma parcela de 17% não opinou (era 32%).
De acordo com o levantamento, a imagem negativa do legado do regime militar alcança índices acima da média entre os mais jovens, chegando a 66%. Já 38% dos mais instruídos, 39% dos mais velhos e 49% dos mais ricos têm uma imagem positiva da ditadura.