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Instrutor de paquera pode virar ‘persona non grata’ no Rio

Julien Blanc é acusado de incitar a violência contra a mulher em palestras para ensinar homens a seduzir o sexo oposto; ele teve seu visto negado na Austrália após ministrar um seminário sobre o assunto

Julien Blanc, que foi expulso da Austrália por incitar violência contra a mulher (Reprodução)

Talita Abrantes

Publicado em 13 de novembro de 2014 às 17h57.

São Paulo – Um projeto de decreto legislativo encaminhado à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro quer que Julien Blanc, palestrante acusado de incitar a violência contra as mulheres, seja considerado ‘persona non grata’ na cidade.

Junto com Florianópolis (SC), o Rio de Janeiro está na lista de cidades que devem receber em janeiro um evento da empresa Real Social Dynamics (RSD), da qual Blanc é coach executivo. A companhia, com sede em Los Angeles (EUA), é especializada em treinar homens para conquistar mulheres .

Na semana passada, o homem de 25 anos teve seu visto revogado na Austrália após uma petição online no site Change.com o acusar de incitar “violência e abuso emocional contra as mulheres” em um seminário realizado na cidade de Melbourne.

Ao jornal britânico The Guardian, Scott Morrison, o ministro da imigração da Austrália, afirmou que ele “não estava disseminando ideias políticas" e, sim, "abusos depreciativos" contra as mulheres.

Desde a última terça, uma petição online pede uma postura semelhante ao Itamaraty e Polícia Federal. Até às 17h desta quinta-feira, mais de 270 mil pessoas já tinham assinado o pedido.

Proposto pelo vereador Renato Cinco (Psol), o projeto de decreto legislativo que tramita na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro não teria, contudo, nenhum efeito prático para impedir a entrada do palestrante no país ou a realização do evento.

“É uma posição política que mostra que a cidade é contrária à disseminação de uma palestra com cunho machista e que estimula a violência sexual contra as mulheres”, afirma o vereador. “Não é uma questão de liberdade expressão”. O projeto ainda será analisado pela Casa.

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Por enquanto, a Secretaria de Políticas das Mulheres (SPM) foi o único órgão do governo que fez um pronunciamento oficial sobre o assunto.

Em nota, a secretaria afirma que "é contra quaisquer cursos, investimentos e outras atividades que promovam essas atitudes. As quais, inclusive, levaram esse senhor a ser expulso da Austrália”. De acordo com o órgão, o assunto já foi encaminhado ao Ministério da Justiça.

Reportagem da BBC Brasil afirma que o Ministério das Relações Exteriores teria proibido, em comunicação interna, a concessão do visto de permanência no Brasil a Blanc, segundo diplomatas ouvidos pelo agência. O Itamaraty, contudo, não confirma a informação.

A nacionalidade de Blanc ainda não foi confirmada, mas perfil em uma das páginas mantidas pela Real Social Dynamics afirma que ele é suíço.  Cidadãos da Suíça não precisam de visto para entrar no Brasil.

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