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Mercado não tem ideologia, é pragmático, diz André Esteves do BTG Pactual (BPAC11)

O executivo participou de um painel sobre o futuro econômico do Brasil junto com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin

André Esteves discursando no painel com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (Iara Morselli/Esfera/Divulgação)
CC

Carlo Cauti

Publicado em 26 de novembro de 2022 às 18h23.

O chairman do BTG Pactual (BPAC11 ), André Esteves, declarou neste sábado, 26, que o mercado "não tem ideologia" e que trabalha "com pragmatismo".

"Não existe nenhuma ideologia no mercado. O mercado é muito racional", declarou Esteves no evento Fórum Esfera Brasil 2022, realizado neste final de semana no Guarujá. O chairman do BTG Pactual, do mesmo grupo da EXAME, discursou em um painel junto com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, e o empresário Albílio Diniz.

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Segundo o Esteves, "não existe nenhuma precondição do mercado para um ou outro candidato. Isso aparece claramente se observarmos a Bolsa antes da eleição: foi o período eleitoral de menor volatilidade da história. Algo que devemos ser orgulhosos. Foi uma conquista, uma evolução de nossa sociedade".

Esteves relembrou que o mercado teve movimentos de preço muito favoráveis nos cinco dias que sucederam a eleição da chapa Lula-Alckmin. Entretanto, o mercado reage também negativamente a sinais de desequilíbrio fiscal. "E isso ocorreu recentemente, por exemplo, no Reino Unido, quando um governo conservador, liderado por uma primeira-ministra que se inspirava em Margareth Thatcher fez escolhas erradas de política econômica. E foi obrigado a deixar o cargo. Então, o mercado não tem ideologia", explicou.

"O mercado não é um grupo de seis pessoas fechadas em uma sala fazendo intriga. São milhões de pessoas que operam todos os dias e respondem a estímulos", disse o chairman do BTG Pactual, que salientou como "não existe disputa entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social".

"Não podemos colocar a ideologia acima do pragmatismo", disse, "Não podemos aumentar a ´divida pública pois a nossa dívida pública já é maior de países comparáveis. E também não podemos aumentar a tributação, pois a carga tributária já é muito elevada. Então só sobra o caminho da eficiência dos gastos públicos".

Precisamos manter as conquistas do passado e melhorar o que for preciso, diz Esteves

Segundo Esteves, "é necessário realizar um ajuste no orçamento, e não há dúvida nenhuma que o congresso, a sociedade e o mercado vão entender".

"Existem coisas que podemos melhorar, como saúde, educação, ambiente, inserção internacional do Brasil. E isso é claro que vamos apoiar, pois as reformas geram uma melhoria", explicou o executivo, "agora, precisamos usar benchmarks internacionais. E ninguém acha que a Argentina é um benchmark internacional de política econômica válido. Então, não vamos levar essas coisas para cá".

Perguntado sobre o que o preocupava na economia brasileira, Esteves respondeu que "a relação dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB) tira meu sono". "No passado, os governos, no alto das suas boas intenções, usaram as saídas do aumento da dívida pública. Só que isso tem um limite. E chega uma hora que seu credor vai dizer 'não da mais'. E é nesse momento que começa a crise, como foi no Reino Unido", concluiu Esteves, "O novo governo deve fazer suas escolhas, mas também deve entender que temos nossos limites. O mercados somos todos nós e ele se expressa através dos preços".

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