Medo de escândalos inibe doações de eleitores
Escândalo de corrupção e atual crise econômica devem fazer com que executivos e funcionários de grandes empresas evitem apoiar financeiramente um candidato
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de abril de 2018 às 09h34.
Última atualização em 22 de abril de 2018 às 09h36.
São Paulo - O medo de ter o nome associado a um escândalo de corrupção e o atual cenário de crise econômica devem fazer com que executivos e funcionários de grandes empresas evitem apoiar financeiramente um candidato. "Pelo que eu tenho conversado, os acionistas e executivos de grandes empresas não estão dispostos a participar desse processo", disse o presidente da Confederação Nacional de Indústrias (CNI), Robson Andrade.
Segundo ele, escândalos como a Operação Lava Jato farão com que muita gente deixe de contribuir. "O problema todo é que as pessoas físicas não querem participar de um financiamento de campanha que, no fundo, você não sabe direito de onde vêm todos os recursos."
A doação de empresas foi proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. As novas regras começaram a valer nas eleições municipais de 2016, mas esta será a primeira disputa presidencial com a restrição.
Segundo a advogada Sylvia Urquiza, especializada na área criminal e de compliance, a preocupação com as doações eleitorais de funcionários é uma prática antiga entre as multinacionais. Na maioria dos casos, regras de conduta interna costumam regular este tipo de assunto. Com as investigações da Lava Jato e o receio de ter seu nome associado a um candidato de conduta duvidosa, as companhias nacionais passaram a aprimorar seus sistemas de controle. "Entre as grandes empresas, porém, o número das que já se adequaram está aquém do que seria esperado" diz Silvia.
"As empresas estão aprendendo com a dor", completa Rodrigo Brandão Fontoura, diretor da Associação Brasileira de Integridade, Ética e Compliance, sobre o temor com um eventual contágio da Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.