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Maranhão, o breve

O vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, é um homem de palavra. Na sexta-feira 6 ele prometeu que surpreenderia como presidente interino. Ninguém levou muito a sério. Até que, ontem, ele anulou as sessões da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois, perto da meia-noite, voltou atrás da própria decisão. Foi uma tentativa desesperada de […]

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2016 às 06h41.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h07.

O vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, é um homem de palavra. Na sexta-feira 6 ele prometeu que surpreenderia como presidente interino. Ninguém levou muito a sério. Até que, ontem, ele anulou as sessões da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois, perto da meia-noite, voltou atrás da própria decisão.

Foi uma tentativa desesperada de salvar a própria pele após uma reação contundente de seus colegas de Congresso. Até o final da noite de ontem, seus colegas se armavam para tirá-lo do cargo. A dúvida é se a artilharia vai perder força após Maranhão ter recuado.

Seu próprio partido, o PP, deve se reunir hoje para deliberar se ele deve ou não ser expulso da legenda. Se o PP expulsá-lo, tentará reivindicar que a vaga da 1ª vice-presidência é do partido. Há controvérsia sobre se o cargo, de fato, é da sigla. Em paralelo, DEM e PSD entraram com representações no Conselho de Ética alegando quebra de decoro e violação do respeito às decisões da Casa. Os partidos acusam Maranhão de “fraudar” o andamento dos trabalhos legislativos para alterar o resultado de uma deliberação, o que poderia levar à cassação — não se sabe como fica a questão após o recuo. Neste caso, a decisão, como acontece com Eduardo Cunha, pode se arrastar por meses.

Até a noite de ontem, Maranhão tinha o apoio apenas do PCdoB e do PT, que juntos somam 70 deputados. Agora, certamente está sozinho. “Na prática, ele abriu mão da presidência da Câmara. Se ele adotasse uma postura moderada, já seria difícil. Com uma medida drástica, a situação é insustentável”, diz o analista Juliano Griebeler, da consultoria BarralMJorge.

Há outras possibilidades na mesa. Se Cunha renunciar, automaticamente o cargo é considerado vago e novas eleições são chamadas em até cinco sessões. Por fim, há a remota chance, aventada por PSDB, DEM e PPS, de considerar que o cargo de presidente já está vago, e convocar novas eleições agora. “Vamos lutar e encontrar uma forma de afastá-lo”, disse o deputado Pauderney Avelino, do DEM, antes mesmo de saber da anulação da anulação. Seja como for, o surpreendente Maranhão deve ser novamente protagonista nesta terça-feira. E, a partir de quarta-feira, caminhar para o esquecimento.

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