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Manifestações podem perder força daqui para frente

"Quando você não tem uma causa definida, é muito difícil você manter essa intensidade durante muito tempo. A tendência é isso ir diminuindo", afirmou Figueiredo

Vários protestos aconteceram nos arredores dos estádios da Copa das Confederações em dias de partidas da competição preparatória para o Mundial do ano que vem (REUTERS/Davi Pinheiro)
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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2013 às 21h14.

São Paulo/Rio de Janeiro - A ausência de bandeira única e de uma liderança clara deve diluir a força das manifestações que tomaram o país nos últimos dias, após a decisão do grupo que iniciou os protestos de abandonar as demonstrações e da revogação do aumento da tarifa de transporte público nas principais cidades do país.

O Movimento Passe Livre (MPL), que coordenou os primeiros protestos contra o aumento das tarifas na cidade de São Paulo e que acabaram englobando outras reivindicações, anunciou nesta sexta-feira que não convocará mais protestos.

A decisão veio um dia após os protestos levarem mais de um milhão de pessoas às ruas de dezenas de cidades em todas as regiões do país, na quinta-feira. Em algumas cidades, como Rio de Janeiro, Belém e Porto Alegre, os protestos da véspera acabaram em confronto entre polícia e manifestantes e em depredação e vandalismo. Duas pessoas morreram.

"Não dá para ser adivinho, mas o que acho é que você não tem movimentos muito intensos para manter esse volume de manifestantes na rua durante muito tempo", disse à Reuters o cientista político Rubens Figueiredo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP).

"Quando você não tem uma causa definida, é muito difícil você manter essa intensidade durante muito tempo. A tendência é isso ir diminuindo", acrescentou.

Por outro lado, o fato de o país estar organizando a Copa das Confederações pode manter a população nas ruas por mais algum tempo.

"Acho que até o final da Copa das Confederações, como há muita visibilidade, a tendência é que haja muita pressão para se manifestar, mas depois disso é uma incógnita, vai depender de como o poder público vai lidar", disse o professor de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Ignácio Cano.


Vários protestos aconteceram nos arredores dos estádios da Copa das Confederações em dias de partidas da competição preparatória para o Mundial do ano que vem. Cidades como Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte registraram confrontos entre policiais e manifestantes críticos aos gastos públicos com os eventos esportivos.

Sem ameaça às instituições

Diferentemente de manifestações anteriores, os protestos dos últimos dias se caracterizaram também pela rejeição aos partidos políticos.

Na visão de analistas, isso reflete a insatisfação de grande parte da população com a classe política e também um "divórcio" entre o que anseia a população e as ações dos políticos. Mas isso não é o bastante para ameaçar a democracia e as instituições do país.

"Se as instituições souberem separar o joio do trigo, aquilo que é uma crítica que eles devem incorporar, procurar ser mais eficientes, mais responsivos na qualidade dos serviços que prestam, mas ao mesmo tempo saberem que muito dessa crítica é completamente deslocada de sentido, não temo pelas nossas instituições", disse o cientista político da Fundação Getúlio Vargas Fernando Weltman.

"Nossas instituições são fortes, são sólidas e podem lidar com esse tipo de problema que faz parte de qualquer democracia. Se a democracia não puder lidar com o povo na rua fica complicado." Para Figueiredo, da ABCOP, também não há riscos para a democracia, e a onda de protestos pode ter como resultado uma "chacoalhada institucional".

"Pode ser que o Congresso acelere a tramitação de reformas, principalmente a política e a administrativa, que os partidos olhem mais para a sociedade", completou.

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São Paulo/Rio de Janeiro - A ausência de bandeira única e de uma liderança clara deve diluir a força das manifestações que tomaram o país nos últimos dias, após a decisão do grupo que iniciou os protestos de abandonar as demonstrações e da revogação do aumento da tarifa de transporte público nas principais cidades do país.

O Movimento Passe Livre (MPL), que coordenou os primeiros protestos contra o aumento das tarifas na cidade de São Paulo e que acabaram englobando outras reivindicações, anunciou nesta sexta-feira que não convocará mais protestos.

A decisão veio um dia após os protestos levarem mais de um milhão de pessoas às ruas de dezenas de cidades em todas as regiões do país, na quinta-feira. Em algumas cidades, como Rio de Janeiro, Belém e Porto Alegre, os protestos da véspera acabaram em confronto entre polícia e manifestantes e em depredação e vandalismo. Duas pessoas morreram.

"Não dá para ser adivinho, mas o que acho é que você não tem movimentos muito intensos para manter esse volume de manifestantes na rua durante muito tempo", disse à Reuters o cientista político Rubens Figueiredo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP).

"Quando você não tem uma causa definida, é muito difícil você manter essa intensidade durante muito tempo. A tendência é isso ir diminuindo", acrescentou.

Por outro lado, o fato de o país estar organizando a Copa das Confederações pode manter a população nas ruas por mais algum tempo.

"Acho que até o final da Copa das Confederações, como há muita visibilidade, a tendência é que haja muita pressão para se manifestar, mas depois disso é uma incógnita, vai depender de como o poder público vai lidar", disse o professor de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Ignácio Cano.


Vários protestos aconteceram nos arredores dos estádios da Copa das Confederações em dias de partidas da competição preparatória para o Mundial do ano que vem. Cidades como Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte registraram confrontos entre policiais e manifestantes críticos aos gastos públicos com os eventos esportivos.

Sem ameaça às instituições

Diferentemente de manifestações anteriores, os protestos dos últimos dias se caracterizaram também pela rejeição aos partidos políticos.

Na visão de analistas, isso reflete a insatisfação de grande parte da população com a classe política e também um "divórcio" entre o que anseia a população e as ações dos políticos. Mas isso não é o bastante para ameaçar a democracia e as instituições do país.

"Se as instituições souberem separar o joio do trigo, aquilo que é uma crítica que eles devem incorporar, procurar ser mais eficientes, mais responsivos na qualidade dos serviços que prestam, mas ao mesmo tempo saberem que muito dessa crítica é completamente deslocada de sentido, não temo pelas nossas instituições", disse o cientista político da Fundação Getúlio Vargas Fernando Weltman.

"Nossas instituições são fortes, são sólidas e podem lidar com esse tipo de problema que faz parte de qualquer democracia. Se a democracia não puder lidar com o povo na rua fica complicado." Para Figueiredo, da ABCOP, também não há riscos para a democracia, e a onda de protestos pode ter como resultado uma "chacoalhada institucional".

"Pode ser que o Congresso acelere a tramitação de reformas, principalmente a política e a administrativa, que os partidos olhem mais para a sociedade", completou.

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