RODRIGO MAIA: no Brasil os presidentes das casas legislativas têm mais poder, e visibilidade, do que as comissões do Congresso / Adriano Machado/ Reuters
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 17h33.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h55.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi reeleito presidente da Câmara dos Deputados na tarde desta quinta-feira e ficará na cadeira até o fim de 2018. O candidato do Planalto teve apoio de 13 partidos e levou a parada no primeiro turno, com 293 dos 513 votos possíveis.
Logo após a vitória, Maia afirmou que em sua gestão a Câmara deve atuar com mais “protagonismo” e encaminhar a “agenda de reformas do Estado brasileiro”. Confirmou que a comissão da reforma da Previdência, sob a relatoria de Arthur Maia (PPS-BA), será instalada na próxima semana e deverá encaminhar o projeto até a metade do ano. Para o governo, tanto o placar elástico da disputa quanto o discurso de Maia são um alento: o Planalto continua com o Congresso amplamente a seu favor.
O problema, como também ficou evidente nesta quinta-feira, é a Lava-Jato. Maia foi citado pelo ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho e aparece nas planilhas da construtora com o codinome “Botafogo”. O deputado é alvo de um inquérito sigiloso no Supremo Tribunal Federal, baseado em mensagens trocadas com o empresário Léo Pinheiro, dono da OAS. Nesta quinta-feira, Maia afirmou que “não teme” a Lava-Jato e que “o enredo sobre a minha citação é falso”.
Maia afirmou ainda que não se preocupa com a possível divulgação do conteúdo dos depoimentos dos 77 delatores da Odebrecht, cuja decisão cabe ao novo relator do caso no Supremo, ministro Edson Fachin, escolhido nesta quinta-feira após sorteio. O possível fim do sigilo é motivo de apreensão não só na Câmara como no Senado, onde foi citado o novo presidente Eunício Oliveira (PMDB-CE), e também no Planalto, já que o presidente Michel Temer está nos depoimentos.
Outro problema potencial provocado pelas investigações: Maia não é réu na Lava-Jato, mas, se vier a ser, poderá ter de sair da linha de sucessão da presidência. A decisão sobre o caso está nas mãos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo, que pediu vistas do processo nesta quarta-feira. Mais uma indefinição deste Brasil de 2017, em que Lava-Jato e política são, definitivamente, indissociáveis.