Luzema: pesquisa em MG mostra eleitores de Lula optando por Zema
A pesquisa EXAME/IDEIA revela quem nem sempre a transferência de voto nacional ocorre de maneira direita para aliado local
Gilson Garrett Jr
Publicado em 9 de julho de 2022 às 08h30.
A transferência de votos de um candidato nacional para um aliado local nem sempre ocorre de uma forma objetiva. Os números da pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA feita em Minas Gerais, e divulgados na última quinta-feira, 7, mostram que eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preferem, em maior parte, o atual governador Romeu Zema (Novo).
De acordo com a sondagem, 36% dos eleitores de Lula escolhem o atual governador de Minas em uma pergunta estimulada, quando os entrevistados recebem uma pré-lista. O aliado do petista no estado, Alexandre Kalil (PSD) tem 34% das intenções de voto do ex-presidente.
Em uma pergunta espontânea, quando o eleitor precisa dizer o primeiro nome que vem à mente, a distância fica um pouco maior. Entre os entrevistados que dizem que votariam em Lula, 26% escolheriam Zema, se a eleição fosse hoje. A opção pelo ex-prefeito de Belo Horizonte entre os eleitores do ex-presidente petista somam 21%.
Cila Schulman, vice-presidente do instituto de pesquisa IDEIA, explica que este fenômeno do eleitor escolher candidatos em polos politicamente opostos não é novo e exclusivo de Minas Gerais. Ela lembra que na Bahia, por exemplo, grande parte dos votos que ACM Neto (União Brasil) deve receber ao governo será direcionado a Lula no campo nacional.
“Vinte anos depois do fenômeno Lulécio, quando os eleitores de Minas votaram na improvável dobradinha Lula para presidente e Aécio Neves (PSDB) para governador - fórmula repetida na reeleição de ambos, em 2006 - o estado pode agora protagonizar o voto batizado de Lulema. 37% dos eleitores de Lula consideram o governo Zema como bom e ótimo e 36% declaram votar no atual governador, mesmo que ele tenha sido eleito em 2018 alinhado ao presidente Bolsonaro”, diz.
Zema tem 46% das intenções de voto
Olhando para os números gerais, o governador Zema tem 46% das intenções de voto, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), aparece com 25%. Atrás de Zema e Kalil estão Marcus Pestana (PSDB), com 6%, Carlos Viana (PL), com 5%, e Lorene Figueiredo (PSOL), com 2%. Os demais nomes pontuaram 1% cada. Brancos e nulos somam 5%, e os que não sabem são 8%.
Na análise de Cila Schulman, há uma tendência de que a eleição ao governo de Minas seja definida ainda no primeiro turno. “Zema alicerça a sua vantagem pela reeleição ao governo de Minas Gerais nos índices positivos de avaliação de seu governo. A sua intenção de voto, na casa dos 46%, é compatível com a sua aprovação como governador, de 47%”, afirma Cila.
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Em uma pergunta espontânea, em que o eleitor precisa falar o primeiro nome que lhe aparece na mente, Zema, que deve ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), tem 33%. Já Kalil, que já foi anunciado como o aliado do ex-presidente Lula em Minas, tem 13%.
Em Minas, Lula lidera
Em números gerais, Lula lidera em Minas Gerais, com 41%, e Bolsonaro tem 35%, no primeiro turno. Logo depois dos dois está Ciro Gomes, com 7%, Simone Tebet (MDB), com 3%, e André Janones (Avante), com 2%. Os demais nomes pontuaram 1%, ou ficaram abaixo disso. Brancos e nulos somam 5%, mesmo valor dos que ainda não sabem. Todos os números são de uma pergunta estimulada, em que o eleitor precisa indicar um nome em uma pré-lista.
A pesquisadora Cila Schulman destaca que Minas Gerais sempre foi o chamado pêndulo da eleição nacional. E não é só a posição estratégica que é importante do ponto de vista eleitoral, os números também são significativos. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral de 2020, Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 16 milhões de eleitores, só atrás de São Paulo, que tem 33 milhões.
“O estado de Minas Gerais é considerado um estado síntese do Brasil, onde convivem alguns dos maiores índices de pobreza, analfabetismo e mortalidade infantil do país - nas regiões Norte e Vale do Jequitinhonha e Mucuri -, versus os menores índices nestes indicadores socioeconômicos, em regiões ricas como Triângulo e Central”, explica.
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