Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Dado Galdieri/Bloomberg)
Talita Abrantes
Publicado em 17 de julho de 2018 às 16h25.
Última atualização em 17 de julho de 2018 às 16h31.
São Paulo — Em vídeo gravado antes de ser preso no último 7 de abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece atacando o juiz Sergio Moro e os desembargadores do Tribunal Regional da 4ª Região, que o condenaram a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o petista, ele teria virado um "sonho de consumo" para os magistrados e ministros de cortes superiores.
"Eu acho que tem uma coisa muito grave acontecendo, porque parece que eu sou o sonho de consumo dos ministros que me julgaram e do juiz Moro, porque me parece que eles não querem, em hipótese alguma, junto com a Rede Globo de Televisão, e outros instrumentos de comunicação do Brasil, que a Lava Jato acabe ou que eu seja inocentado antes de ser preso”, afirmou no vídeo, divulgado hoje nas redes sociais do petista.
Na gravação, o petista faz repetidas críticas ao Judiciário e à Polícia Federal. “O que não posso é aceitar que prevaleça a mentira contada pela Polícia Federal do Inquérito, aceita pelo Ministério Público para me acusar e aceita pelo juiz Sérgio Moro para me condenar. Não posso aceitar essa decisão como algo normal”, disse.
O petista sugere ainda que sua prisão tem motivações políticas e que os magistrados por trás dela deveriam deixar seus cargos públicos e se filiar a algum partido. "Fazer política na Polícia Federal, fazer política no Ministério Público, fazer política no Poder Judiciário é um equívoco que o Brasil não pode permitir", argumentou.
"Eu queria que eles julgassem o mérito do processo, que lessem a defesa das acusações e encontrassem um crime que eu cometi. Aí, eles poderiam me prender tranquilamente e eu acataria, com todo respeito, a decisão porque eu acho que nós precisamos acreditar que a Justiça é para fazer justiça", afirmou.
Na semana passada, a juíza federal substituta Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, proibiu que o ex-presidente conceda entrevistas ou grave vídeos da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde ele está preso há 3 meses. A expectativa é que outras gravações sejam lançadas nos próximos dias.
No domingo, Lula completou 100 dias de prisão. Na semana anterior, houve uma tentativa de liberá-lo da cadeia por meio da concessão de um habeas corpus pelo desembargador Rogério Favreto, então plantonista do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4). A decisão gerou um embate jurídico entre magistrados e terminou com a manutenção da detenção do ex-presidente.