Líder do PT na Câmara diz que Palocci não tem provas contra Lula
O líder do PT ainda criticou o sistema de delações premiadas, o qual Palocci negocia
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de setembro de 2017 às 20h03.
Brasília - O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), reagiu hoje ao depoimento do ex-ministro dos governos petistas Antonio Palocci , que incriminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ação sobre propinas da Odebrecht. Para Zarattini, Palocci não apresentou provas.
"É tudo um disse, disse. Se tiver alguma prova de que esses 'disses' estão gravados... Mas me parece que é muito difícil ter uma comprovação. Para condenar o Lula, vão ter que usar a teoria do domínio de fato, que vamos ter que aplicar aí para o Janot, que sabia que Miller negociava a delação com a JBS", disse o deputado petista.
Zarattini se referia ao ex-procurador da República Marcelo Miller, que era um dos principais auxiliares do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, na PGR, mas que deixou o órgão no início deste ano para virar advogado de escritório que atendia o grupo J&F. Coube a Miller, por exemplo, negociar o acordo de leniência do grupo.
Nesta semana, Janot determinou abertura de investigação para apurar irregularidades na delação do empresário Joesley Batista e mais dois delatores do grupo J&F: Ricardo Saud e Francisco de Assis Silva. A decisão foi tomada com base em áudio de conversa entre Joesley e Saud, que revela o que Janot chamou de indícios de "crimes gravíssimos" de Miller.
O líder do PT ainda criticou o sistema de delações premiadas, o qual Palocci negocia. "Nesse sistema que está sendo usado, o cara é condenado a penas altíssimas e aí oferecem a ele uma porta de saída, que é incriminar alguém, de preferência o Lula. Se fizer isso, vai obter redução de pena", declarou.
Palocci incriminou Lula durante depoimento nesta quarta-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância. O ex-ministro da Fazenda de Lula disse que o ex-presidente avalizou pagamento de R$ 300 milhões em propina ao PT pela Odebrecht entre o final de seu governo e os primeiros anos do governo Dilma.