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Juiz decreta prisão preventiva de suspeitos de fraude no Enem

Candidatos tiveram índice de acerto de 92% das questões na área de Ciências Naturais, que têm mais peso para o curso de Medicina

Polícia Federal: o grupo usava meios eletrônicos para difundir o gabarito aos que ainda faziam as provas (Fernando Moraes/Veja SP)

Polícia Federal: o grupo usava meios eletrônicos para difundir o gabarito aos que ainda faziam as provas (Fernando Moraes/Veja SP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 19h28.

Sorocaba - O juiz da 3ª Vara Federal de Montes Claros (MG), Marco Fratezzi Gonçalves, decretou na sexta-feira, 11, a prisão preventiva de três dos principais suspeitos de participação no esquema de fraude do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Estado.

O magistrado atendeu a um pedido da Polícia Federal, que investiga novos desdobramentos da Operação Embuste, deflagrada no último dia 6, e que prendeu 11 pessoas, entre eles Rodrigo Ferreira Viana, Jonathan Galdino dos Santos e Arnon Kelson da Silva e Santos, considerados líderes do esquema.

Segundo a PF, há indícios de que os fraudadores tiveram acesso antecipado às provas e transmitiam o gabarito por ponto eletrônico para candidatos que faziam o Enem.

Eles tiveram índice de acerto de 92% das questões na área de Ciências Naturais, que têm mais peso para o curso de Medicina.

A PF informou nesta segunda-feira, 14, que as investigações ainda prosseguem. Com a preventiva, os suspeitos não têm prazo para deixarem o Presídio Alvorada, em Montes Claros, onde estão presos.

O juiz liberou Aurimar Rodrigues Froes, também preso na operação, mas ele não pode deixar a cidade. Os quatro, além de Jonathas Caires Silva, já tiveram cerca de R$ 500 mil bloqueados em suas contas pelo mesmo juiz.

Ainda conforme a PF, o monitoramento de Rodrigo Viana, autorizado pela Justiça, revelou evidências de que houve vazamento do gabarito do Enem. As escutas telefônicas mostraram que os fraudadores conheciam o conteúdo das provas antes do início do exame.

Outros três suspeitos foram detidos, um deles fazendo a prova por outro candidato, os outros flagrados quando recebiam o resultado da prova pelo ponto eletrônico. O esquema cobrava de R$ 70 mil a R$ 180 mil para aprovar candidatos ao curso de Medicina.

Até surgirem evidências de vazamento, a PF considerava que o esquema se valia de pessoas especializadas nas áreas de conhecimento que se passavam por candidatos e, depois de fazerem as provas, saiam do recinto para passar o gabarito.

O grupo usava meios eletrônicos para difundir o gabarito aos que ainda faziam as provas. Rodrigo comandava o esquema em Montes Claros, enquanto Aurimar Froes fazia a captação dos interessados e Jonathan ficava incumbido de repassar o gabarito.

O inquérito da PF faz menção ao caso da estudante de enfermagem Késia Rayane Pimenta, que precisou extrair um seio após contrair câncer de mama, e teve o aparelho eletrônico instalado no lugar da prótese. Flagrada, ele teve a prisão relaxada por conta de sua saúde.

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