Brasil

Jucá inaugura crises no governo Temer; o que vem a seguir

Ministro do Planejamento sugere em áudio "pacto" para conter a Lava Jato; Temer deve se manifestar nas próximas horas sobre futuro de peemedebista

Romero Jucá: futuro de ministro será decidido nas próximas horas (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Romero Jucá: futuro de ministro será decidido nas próximas horas (Antonio Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2016 às 15h46.

São Paulo — Em uma das primeiras entrevistas concedidas logo após a posse como presidente interino, Michel Temer fez questão de ressaltar que a operação Lava Jato, que investiga um gigante esquema de corrupção envolvendo empresas estatais, será protegida e que os ministros que não “procederem corretamente” serão demitidos.

As duas promessas do peemedebista serão colocadas à prova nas próximas horas, depois que um diálogo entre o ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo. Nele, Jucá sugere um “pacto” para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato (veja mais detalhes da conversa).

Ainda não se sabe como Temer irá enfrentar a primeira crise de seu governo. Ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente interino disse que tomará uma decisão entre hoje e amanhã (24). Nos bastidores, o governo estaria articulando nomes para substituir Jucá. 

Entre a cruz e a espada

Na manhã desta segunda-feira (23), o ministro do Planejamento se defendeu e disse, em entrevista coletiva, que não deve “nada a ninguém” e que sua saída depende de Temer. A avaliação de especialistas consultados por EXAME.com é que, caso o presidente interino decida pela permanência de Jucá, o governo pague um alto preço: o de ter a imagem desgastada com apenas 11 dias "de vida". 

“As primeiras semanas são cruciais para a formação da imagem de um novo governo e Jucá representa mais uma nuvem para uma gestão que não começou ensolarada”, diz Rodrigo Prando, sociológo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

O fato do ministro do Planejamento ter se manifestado justamente sobre a operação na qual é investigado complica ainda mais a sua situação. “É uma loucura tentar impedir o avanço da operação”, diz Francisco Fonseca, cientista político da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “A Lava Jato é um trem descarrilhado e ninguém tem o poder de segurá-la ou controlá-la ”.

O que pesa para o lado do ministro do Planejamento, lembra Thiago de Aragão, diretor de estratégia da consultoria política Arko Advice, é a importância que ele tem na equipe de Temer. Visto como uma das figuras mais fortes da equipe ministerial, Jucá é o grande articulador e peça-chave do novo plano econômico comandando por Henrique Meirelles (Fazenda). “É como um dos maquinistas do trem”, diz Aragão.

Cabe agora a Michel Temer colocar cada um dos argumentos na balança. 

Acompanhe tudo sobre:MDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPolíticaPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosSenado

Mais de Brasil

Dino convoca para fevereiro audiência com nova cúpula do Congresso para discutir emendas

Em decisão sobre emendas, Dino cita malas de dinheiro apreendidas em aviões e jogadas por janelas

Flávio Dino decide suspender pagamentos de emendas e manda PF investigar liberação de verbas

Rodízio de veículos em SP está suspenso a partir desta segunda, 23