No Jornal Nacional, William Bonner responde a crítica de Gilmar Mendes
Primeiro a votar no julgamento que negou o pedido de habeas corpus de Lula, o ministro do STF usou parte do tempo para criticar a imprensa brasileira
Maurício Grego
Publicado em 5 de abril de 2018 às 09h13.
Última atualização em 5 de abril de 2018 às 11h14.
São Paulo – Após reservar parte de seu voto durante o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva , nesta quarta-feira (4), para criticar de forma contundente a mídia brasileira e, nominalmente, o Jornal Nacional , o ministro do STF Gilmar Mendes recebeu uma resposta do apresentador William Bonner, logo no início da edição do telejornal.
“Gilmar Mendes criticou a imprensa de forma geral, afirmando que a mídia está fazendo uma cobertura opressiva. Gilmar Mendes reclamou do Jornal Nacional, que ontem mostrou que o ministro tinha votado a favor da prisão em 2ª instância em 2016, e que mudaria de posição hoje, como de fato aconteceu”, introduziu Bonner, horas antes de o STF autorizar a prisão do ex-presidente.
Segundo o apresentador, o noticiário dedicou-se, um dia antes, apenas a traçar um histórico dos debates e das posições adotadas anteriormente por cada magistrado. “O ministro entendeu que o Jornal Nacional quis provar a incoerência dele. Não foi esse o propósito do Jornal Nacional. O que se fez aqui foi apenas jornalismo”, argumentou.
Bonner ainda lembrou que, pelo critério de antiguidade – que determina que os ministros há mais tempo na Casa devem votar antes –, Gilmar deveria ter sido o 8º a votar. Mas, como tinha de viajar a Lisboa para um seminário do instituto de que é sócio, pediu para se pronunciar antes.
A fala de Gilmar Mendes levou alguns minutos e trouxe também o nome de outros veículos de comunicação, entre eles, a Folha de S. Paulo e O Globo. “Eu já estou aqui há 15 anos e já vi quase de tudo. Nunca vi uma mídia tão opressiva como aquela que tem se feito nesses anos. Nunca”. Gilmar ainda chamou a imprensa brasileira de “chantagista”, ao criticar reportagem da Folha que revelava que o STF tem 88 dias de férias ao longo do ano.
Apesar de criticar o momento em que o texto foi publicado, o próprio magistrado concordou que os feriados do Judiciário precisam acabar. “Temos de acabar com as férias em dobro. Temos de acabar com penduricalhos, com auxílio-moradia, com o diabo. Mas não mediante chantagem”.
Em relação ao jornal O Globo, Gilmar criticou a divulgação de um vídeo com ofensas de duas mulheres a ele enquanto andava nas ruas de Lisboa, em Portugal. “‘Veja o que fizeram com ministro Gilmar Mendes, o que você faria?’, dizia. É preciso dizer não a isso. A mídia quer esse ou aquele resultado, é melhor nos demitirmos e irmos para a casa. Eu não sei o que é apreender sentimento social. É o sentimento da mídia”.
Confira, a seguir, algumas reações no Twitter ao “embate” entre Gilmar e Bonner:
https://twitter.com/LukasDurant/status/981669777956581376