Internações por dengue e síndrome respiratória sobem em 96% dos hospitais de SP
Levantamento indica também que a maioria das internações em leitos clínicos envolve crianças diagnosticadas com SRAG
Agência de notícias
Publicado em 15 de maio de 2024 às 13h46.
Segundo levantamento realizado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), 96% dos hospitais paulistas registraram aumento de internações de pacientes por dengue e síndrome respiratória aguda grave (SRAG) nos últimos 15 dias. A pesquisa, realizada entre os dias 3 e 13 de maio, incluiu 89 hospitais privados, sendo que 67% deles estão localizados na capital e Grande São Paulo e 33% no interior do Estado.
O levantamento indica, ainda, que a maioria das internações em leitos clínicos envolve crianças diagnosticadas com SRAG, condição muitas vezes relacionada a pioras nos quadros de influenza ( gripe ) e infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR). As internações neste grupo, em decorrência da síndrome respiratória, foram de 21% para 30% em 60% das instituições. Em adultos, as internações por SRAG aumentaram 5% em 50% dos hospitais. No caso da dengue, 42% das instituições participantes do estudo relataram um aumento nas internações de 21% a 30%.
É importante notar que, em termos de atendimentos gerais, 84% das pessoas atendidas com dengue têm entre 30 e 50 anos. Quando se trata de SRAG, essa faixa etária também é a mais afetada, representando 69% dos atendimentos. Isso sugere que, embora a maioria dos casos de SRAG esteja relacionada a adultos, as crianças constituem a maior parte dos casos que resultam em internações.
Quanto às internações em UTI, 26% dos hospitais relataram um aumento de 21% a 30% em decorrência da dengue. Outros 70% indicaram um aumento de 5% na ocupação de leitos devido a essa arbovirose. No que diz respeito à SRAG, cerca de 5% dos hospitais registraram um aumento de 90% nas ocupações de leitos de UTI pediátrica e também adulta.
De acordo com Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, o aumento de doenças respiratórias graves é típico desta estação do ano. Isso ocorre devido ao clima mais frio e seco do outono, que irrita as vias aéreas e favorece situações de maior aglomeração, aumentando a suscetibilidade a doenças gripais - que, por sua vez, podem levar a complicações respiratórias. “No entanto, a vacinação contra a gripe e medidas preventivas, como evitar ambientes lotados e fechados, podem ajudar a prevenir essas complicações”, acrescentou Balestrin.
Vírus sincicial respiratório
No final de abril, o Estadão divulgou um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que apontou que entre os dias 14 e 20 de abril, 16º semana epidemiológica do ano, o vírus sincicial respiratório (conhecido pela sigla VSR) causou mais mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em crianças menores de 2 anos do que a covid-19.
Esse vírus é o principal causador de infecções respiratórias agudas em crianças dessa faixa etária. Ele é responsável pela maioria dos casos de bronquiolite (75%) e quase metade das pneumonias (40%), de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Estima-se que, de cada dez crianças, de quatro a seis são infectadas pelo VSR no primeiro ano de vida, e quase 100% até os 2 anos. Outra característica do VSR é a sazonalidade: ele circula principalmente no outono e no inverno, em especial nos meses de abril e maio. Nos últimos anos, contudo, esse ciclo foi atípico. Durante a pandemia, por causa do isolamento social, ele circulou menos. Mas, agora, parece ter retomado o ritmo, o que ajuda a explicar o motivo pelo qual o aumento das infecções acaba surpreendendo pais e mães.
No início de abril, o Estadão também mostrou que a maior incidência de doenças respiratórias durante o outono, aliada à atual epidemia de dengue vivenciada pelo Brasil, têm colaborado com o aumento dos atendimentos e de internações pediátricas na cidade de São Paulo, gerando lotação e prolongamento do tempo de espera nos serviços de saúde. A situação agravante foi observada em hospitais da rede privada e do sistema público. Já no mês de março de 2024, as doenças respiratórias já representavam 43,4% do total de atendimento, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de SP.