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Intelectuais de esquerda iniciam movimento pró-Haddad

O nome do ex-prefeito de SP surge, não como plano B de Lula, mas como primeira opção de uma frente ampla de centro-esquerda para a disputa presidencial

Haddad: o nome do ex-prefeito já é defendido publicamente por lideranças petistas (Flickr/Fernando Haddad/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de março de 2018 às 09h32.

Última atualização em 6 de março de 2018 às 15h03.

São Paulo — Um grupo de intelectuais ligados à esquerda - não necessariamente ao PT - defende o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad não como plano B, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impedido pela Justiça de disputar a eleição, mas como primeira opção de uma frente ampla de centro-esquerda para a disputa presidencial do dia 7 de outubro.

A filósofa Djamila Ribeiro, o arquiteto Fernando de Mello Franco (ambos ex-integrantes da gestão Haddad), a historiadora Heloísa Starling, o sociólogo Jessé Souza e a psicanalista Maria Rita Kehl subscreveram o artigo Fernando Haddad, renovação e experiência, publicado na semana anterior pelo antropólogo Ricardo Teperman, o engenheiro Luiz Rheingantz e o economista André Kwak (ex-oficial de gabinete de Haddad na prefeitura) na Folha de S.Paulo.

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Teperman, Rheingantz e Kwak são os criadores do grupo "Eu voto no Haddad, me pergunte por quê", formado em 2016 para alavancar a candidatura à reeleição do ex-prefeito e inativo desde a derrota para João Doria (PSDB) no 1º turno da disputa municipal, em 2016.

O texto, feito à revelia do ex-prefeito, foi interpretado por setores do PT como uma tentativa de lançamento informal da pré-candidatura de Haddad à Presidência.

Embora tenha sido publicado dias antes da Operação Cartão Vermelho, que teve como alvo o ex-ministro Jaques Wagner, também cotado para ser o eventual substituto de Lula na eleição presidencial, o artigo e o apoio dos intelectuais ganharam força depois que Wagner foi alvejado pela Polícia Federal. Wagner é acusado de receber propina da Odebrecht e da OAS.

Para muitos petistas, a ascensão de Haddad ao posto de principal alternativa do PT à Presidência, caso Lula seja declarado inelegível pela Justiça, é a principal consequência até agora da Operação Cartão Vermelho.

Procurados, nem os autores do texto nem Haddad quiseram se manifestar. Auxiliares do ex-prefeito disseram que ele não foi consultado sobre a articulação e não vai incentivar nem deixar de incentivar o movimento. "Está posto, apenas", disse uma pessoa próxima a Haddad.

No decorrer desta e das próximas semanas, o "Eu voto no Haddad, me pergunte por quê", que voltou a se reunir regularmente, vai anunciar novos textos e ações voltados para a construção de um "programa nacional".

Aos poucos, o nome do ex-prefeito deixa de ser citado apenas em conversas reservadas para ser defendido publicamente por lideranças petistas.

Em entrevista à Rádio Eldorado, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro torceu para que o PT insista na candidatura de Lula, mas caso ela seja inviabilizada, sugeriu o nome do ex-prefeito como candidato do PT.

"Todo mundo sabe das ligações políticas, afetivas, de gestão pública que tenho com o ex-prefeito Fernando Haddad, que me parece um dos quadros possíveis nessas circunstâncias", disse Tarso.

Lula

De acordo com ele, é Lula quem vai indicar o nome de seu eventual substituto. Cresce no PT a certeza de que o ex-presidente não vai deixar o partido naufragar com ele.

Petistas apontam várias pistas de que esse nome pode ser o de Haddad: o ex-prefeito foi o escolhido para o posto de coordenador do plano de governo, mais importante da pré-campanha; se recusou a ser candidato a qualquer outro cargo eletivo em 2018; com aval de Lula tem rodado o País e conversado com governadores e outras lideranças de partidos.

O apoio de Lula, no entanto, é a única chance de Haddad chegar à disputa. Hoje o ex-prefeito conta com a antipatia da maioria do PT que o considera distante da vida partidária, tal como a ex-presidente Dilma Rousseff.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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