Brasil

Incidência de microcefalia no NE já era alta antes da zika

Em estudo divulgado pela OMS, equipe de pesquisadores brasileiros constatou que número de casos de microcefalia já era elevado no Nordeste desde 2012

bebê com microcefalia (Nacho Doce/Reuters)

bebê com microcefalia (Nacho Doce/Reuters)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 17h23.

São Paulo – Desde 2012, bem antes do surto da zika explodir por todo Brasil, já existia um elevado número de casos de recém-nascidos com microcefalia. É o que afirma um boletim publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um grupo de pesquisadores, ligados à Fundação Círculo do Coração de Pernambuco e da Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba, vasculharam 16,2 mil fichas de bebês nascidos entre janeiro de 2012 e dezembro de 2015  na região Nordeste, onde a incidência de microcefalia em 2015 foi maior.

O resultado do levantamento surpreende.

Nos últimos três anos, cerca de 1,2 mil bebês (até 8% do total analisado) nasceram com a má-formação  – uma média de 400 registros ao ano.

Hoje, o Ministério da Saúde investiga cerca de 3,8 mil casos suspeitos da doença – destes, 462 já confirmados.

Isso revela que o surto atual já é parte da realidade do brasileiro há um bom tempo. “É possível que as autoridades competentes tenham ignorado os casos leves e só tenham notificado os extremos”, diz a publicação. 

Contudo, Sandra Mattos, coordenadora da pesquisa e  presidente da Fundação Círculo do Coração, reconhece que houve um pico maior no número de casos a partir de meados de 2014.

A causa do surto pode ser explicada por alguns fatores, como as infecções virais de dengue e chikungunya, o consumo de medicamentos e vacinas no início da gestação que podem trazer danos à gravidez, a má nutrição da mãe, entre outros.

“Só podemos concluir que estamos diante de um problema de saúde novo e desafiador”, diz o texto.

No mapa abaixo, você vê as regiões mais afetadas pela doença.

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O QUE VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE LER PARA ENTENDER O SURTO
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