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Homem baleado por PM em Pernambuco segue em estado grave

Edvaldo Alves, de 20 anos, foi baleado na coxa por um policial militar durante um protesto, feito por moradores de Itambé, que fechou a Rodovia PE-75

PM: o Comando Geral da Polícia Militar informou em nota ter aberto inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais (Ueslei Marcelino/Reuters)

PM: o Comando Geral da Polícia Militar informou em nota ter aberto inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais (Ueslei Marcelino/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de março de 2017 às 16h57.

Moradores do município de Itambé, no interior de Pernambuco, fizeram um protesto hoje (20) em que pedem a punição do policial que atirou em Edvaldo da Silva Alves, de 20 anos, que participava de uma manifestação contra a violência na cidade na última sexta-feira (17).

Os moradores querem também que o Estado seja responsabilizado pelo caso.

O homem está internado em estado grave.

Um vídeo, que circula nas redes sociais, mostra o momento em que Edvaldo Alves, de 20 anos, é baleado na coxa por um policial militar.

O jovem participava de um protesto, feito por moradores de Itambé, e que fechou a Rodovia PE-75 por várias horas.

No início da gravação, três policiais e manifestantes aparecem discutindo para a retirada do bloqueio.

Uma mulher tenta convencer os demais moradores a se retirarem.

Edvaldo questiona a ordem e reclama de ameaças que teriam sido feitas pelos agentes de segurança de atingir os moradores com balas de borracha.

Um dos policiais então fala: "É esse quem vai levar um tiro primeiro?" e ordena que outro policial, com um arma de calibre 12 na mão, efetue o disparo.

Edvaldo é atingido à queima-roupa na coxa e cai no chão, sangrando.

O policial militar que deu a ordem para atirar arrasta o homem pela camisa até a viatura.

Enquanto é arrastado, Edvaldo é agredido pelo policial na cabeça.

Os agentes o erguem pela bermuda e o jogam na carroceria da viatura, uma caminhonete - que não é possível identificar a placa.

Em seguida, o motorista arranca com o veículo.

Edvaldo Alves está internado na UTI do Hospital Miguel Arraes, no Paulista, município da região metropolitana do Recife.

O último boletim divulgado pelo hospital informa que ele continua em estado grave.

O tiro atingiu a veia femoral, o que fez com que Edvaldo perdesse muito sangue.

"Nesse domingo (19) foi submetido a uma intervenção para retirada de compressas colocadas em cirurgia para estancar sangramentos. Seu estado de saúde vem apresentando melhora significativa. Continua realizando hemodiálise e respirando através de aparelhos", diz a nota.

Família pretende recorrer à Justiça

Em entrevista à Agência Brasil, o irmão de Edvaldo, o auxiliar de serviços gerais José Roberto da Silva, de 27 anos, disse que a família pretende recorrer à Justiça.

"Ainda não sei quando, vou esperar acalmar um pouco, agora o importante é a vida do meu irmão", disse, por telefone.

No momento em que falava com a reportagem, ele acompanhava 14 pessoas de Itambé ao Recife para doar sangue ao irmão.

Ele conta que Edvaldo mora com a mãe e está desempregado.

Ajuda na renda domiciliar com bicos em marcenaria e pintura.

"Primeiro protesto que ele foi. Meu irmão é uma ótima pessoa, não faz mal a ninguém, um cidadão de bem. Justiça é a primeira palavra que eu tenho para dizer".

Governo abriu inquérito

Procurada pela Agência Brasil sobre quais medidas devem ser tomadas em relação ao caso, a Secretaria de Defesa Social respondeu, em nota, que instaurou um inquérito policial na delegacia de Itambé e um prodecimento administrativo para apurar a ocorrência.

"Ouvidas testemunhas, tanto dos policiais militares quanto dos manifestantes que estavam no local, já foram iniciadas e continuarão até o esclarecimento dos fatos", diz a nota.

O Comando Geral da Polícia Militar informou, também em nota, ter aberto inquérito policial militar para apurar a conduta dos PMs.

A nota afirma que os agentes foram "retirados das funções de policiamento ostensivo até a apuração completa dos fatos. A PM está colaborando com a Corregedoria da SDS [Secretaria de Defesa Social], que também está atuando no caso".

Assembleia Legislativa acompanha caso

A Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) acompanha o caso.

O presidente da comissão, deputado Edilson Silva, esteve no município ontem (19) e acompanhou o protesto desta manhã.

O parlamentar informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que vai convocar uma reunião extraordinária do colegiado para a próxima quarta-feira (22) para definir a atuação do grupo no caso.

A intenção, segundo o deputado estadual, é pedir ao Ministério Público de Pernambuco e a Procuradoria-Geral de Justiça que cobrem agilidade nas investigações.

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